Maria José Nogueira Pinto
Das duas últimas vezes que a vi no Frente a Frente percebi imediatamente que havia qualquer coisa de especialmente mau no horizonte. Via-a envelhecida, magra, macilenta.
E pensei imediatamente que grande coragem que só aquele gesto demonstrava. Não seriam muitas as pessoas que se exporiam na televisão nas condições de saúde em que ela se encontrava. Desejei sinceramente vê-la melhor na próxima vez que participasse no Frente a Frente.
Infelizmente assim não foi. Da segunda vez, ainda mais magra e com uma voz mais fraca. Mas ainda o mesmo espírito e o mesmo vigor mental.
Temi o pior e o pior veio hoje. 59 anos não é idade para morrer. Muito menos no caso dela que tanto tinha para dar.
Concorde-se ou não com a sua ideologia, a verdade é que alguém assim merece toda a admiração pela coerência das convicções e pela capacidade de as defender.
Assisto à partida dela com a sensação de que perdi algo mais que uma cara familiar e uma presença na televisão. Tenho a sensação de ter perdido alguém da família.
Espero bem que haja um lugar onde ela não sinta o sofrimento que a doença certamente lhe trouxe.
Espero que no meio de toda a dor que a família está certamente a sentir aceitem a nossa sensação de perda como uma homenagem à pessoa admirável que ela foi em vida.
Vão-se os grandes, mas a sua memória perdura.
Que descanse em paz.