Time to go

Mário Soares, o duque, o auto intitulado salvador da democracia escreveu umas coisas.
Por esta altura deve pensar que a idade respeitável o isenta de criticas. Ou provavelmente que lhe dá uma legitimidade para criticar

Curioso como a argumentação que usaram à exaustão para defender a decisão de Sampaio, de nada serve agora, sendo as circunstâncias muito parecidas
“O Presidente da República ficou estranhamente silencioso. Fiz-lhe um apelo público, angustiado, para que evitasse a crise. Quanto a mim, podia tê-lo feito”
Acredito que o apelo possa ter sido angustiado. O que já não me parece curial é que tenha havido uma crise depois. A crise foi antes. estava a ser. Com um governo inepto a empurrar o país para o abismo. Se Soares acha que era isto que se devia preservar, ou está louco ou é mal intencionado.
Deixar que Sócrates caísse foi o único gesto significativo de Cavaco. Curiosamente foi inacção.
“alegou o facto de as coisas ‘terem sucedido com muita rapidez’ o que lhe retirou ‘margem de manobra’” e tira depois uma conclusão: “É uma explicação seguramente verdadeira, mas faz-nos refletir. Sobretudo depois da promessa que fez aos portugueses de exercer uma magistratura de influência mais activa”.
Sendo ele próprio um advogado e alguém que toda a vida se refugiou na "conjuntura" e na "formalidade" saberá bem que o que Cavaco fez foi esperar para ver se Sócrates fazia o que tinha dito - demitir-se. E esse gesto foi o que permitiu confirmar, através de eleições, que o país não o suportava mais. Creio que foi esta a argumentação usada para legitimar a posteriori o gesto de Sampaio. Não foi?
Afirmando que a oposição “falhou” quando levou à queda do Governo socialista, numa “insensatez tremenda”, Soares sublinha que o PSD “não teve qualquer vantagem em ter precipitado a crise política, no momento em que o fez”.
Não teve o PSD, como se está a ver pela noção de realidade do povo português, mas teve o país.

É que sr. Soares, Sócrates no poder mais alguns meses e não haveria qualquer hipótese de recuperação. O Governo só foi forçado a pedir ajuda pelas circuntâncias da sua demissão e da inevitabilidade da falta de apoio político.
Sócrates dizia semanas antes que nunca governaria com o FMI. O povo português fez-lhe a vontade
Ainda sobre os sociais-democratas, o antigo chefe de Estado diz que “há grupos” no partido que não gostam de Pedro Passos Coelho e que só o queriam como primeiro-ministro para o destruir, depois de realizado “o trabalho mais difícil e impopular”.
Eu diria que isso corresponde muito à situação que há dentro do PS em que os "soaristas" não são vistos há algum tempo. E tendo em conta que o lider dos soaristas é o filho, eu diria que ainda bem.
Sobre José Sócrates, Soares afirma que o antigo primeiro-ministro e ex-secretário-geral dos socialistas foi “um líder forte”, com “grandes virtudes” e “alguns defeitos” também.
“Foi talvez o mais atacado e injuriado dos políticos portugueses desde sempre. Resistiu a tudo. E saiu com honra e grande dignidade”, refere Mário Soares.
Eu não diria que expor as falcatruas de um 1º ministro que mentiu desde a sua formação académica até muitas outras situações obscuras em que se viu envolvido se possa dizer que seja injúria.

E não tenha dúvidas o Dr. Soares que se o seu "colega" não fosse o 1º ministro ou um político com "ligações" o Ministério Público teria feito muito melhor trabalho de investigação. Talvez se fosse um cidadão comum, sem capacidade de pressionar, hoje estivesse em muito maus lençóis.

O Dr. Soares é um exemplo perfeito da mentalidade vigente. Implantada após o 25 de Abril por ele e por outros que se lhe seguiram. A ideia de que os políticos são do povo mas superiores a ele quando eleitos, intocáveis e todos poderosos.

O que se tira disto é que o dr. Soares só reconhece autoridade e discernimento no povo quando ele ganha ou ganha o seu partido. A sua convivência com a democracia tem apenas um sentido.
E mesmo que esteja à frente do partido alguém que ele detesta e despreza pela sua incultura e chico espertice, ele sempre dirá bem dele. As migalhas do rei podem sempre cair aos  pés dos súbditos e o filho continua a ser um súbdito respeitoso desde que caiam algumas migalhas.

Para Soares a verdade a honestidade e a seriedade variam com a cor política.

O tempo passou e Soares já não tem a chispa de outrora. Perdeu a finesse na mentira e no engano. Feche a matraca Dr.. Já não há quem o queira ouvir.