Da falta de democracia
As primeiras notícias do dia que me chegam são as da recusa da da Associação 25 de Abril não comparecer nas cerimónias de comemoração no Parlamento.
Logo de seguida a notícia de que Mário Soares e Manuel Alegre não iriam comparecer em solidariedade.
Até aqui tudo normal. Mas enquanto conduzia ouvi a declarações de Vasco Lourenço na rádio. Estúpido como um saco de martelos, como aliás sempre foi, perde-se em considerações acerca da forma antidemocrática deste governo reger os nossos destinos.
A princípio não lhe dei muita importância mas depois a coisa começou a parecer-me grave.
A minha memória não me falha quando penso que estes fulanos estiveram calados enquanto os governos socialistas que precederam este foram cavando a nossa sepultura.
E não é que tivessem dado enormes benesses a todos. Pelo contrário, o sr. Sócrates bem que aumentou a nossa carga fiscal e a despesa do Estado. E não foi em prol da população.
Esta gente não perece lembrar-se da não gratuitidade do SNS com Sócrates, ou do fecho de maternidades e Serviços de atendimento. Ou da aldrabice pegada que foi a redução das listas de espera das cirurgias. Aí não estava em causa a democracia. Era outra coisa.
Nunca ninguém gritou contra as novas PPP's de Sócrates e gritam agora porque Passos não acaba com elas.
Todos estes "democratas" se acham os verdadeiros guardiões da verdade e do conceito de democracia.
Democracia essa que na verdade nunca existiu realmente. O poder pós 25 de Abril passou por uma fase de militares mais ou menos tresloucados no comando (Vasco Lourenço, Otelo, Melo Antunes, Rosa Coutinho etc etc) para passar para as mãos dos civis a coberto duma democracia representativa. Representativa é o máximo a que podemos aspirar.
Temos a representar-nos desde o 25 de Abril gente em quem nem sequer confiamos.
E isso era válido já a seguir à constituinte. Nunca mudou. Arruinou-se o país 3 vezes para alimentar esta suposta democracia.
O 1º referendo só aconteceu em 1998. Ou seja, vivemos numa democracia durante 23 anos em que a única manifestação popular directa foi a eleição do Presidente da República.
Estes senhores, curiosamente vivendo à custa do Estado por "serviços" prestados, são todos eles símbolos perfeitos de uma nova classe parasitária que a nossa (a deles) democracia nos trouxe. É caso para perguntar se a preocupação deles é com o povo que nunca levou a fatia de leão neste país, ou se é por a fatia deles começar a perigar.
À volta deste episódio anda agora toda uma massa de parasitas menores a mostrar apoio ou repúdio pelas intenções manifestadas.
Hoje à noite foi a vez da indizível Helena Roseta. Personagem que cada vez mais me convence que ou foi sujeita a lobotomia ou manifesta uma senilidade galopante.
Em frente de um constitucionalista começa a debitar disparates acerca do corte de direitos constitucionais.
Quando confrontada com o facto de essa apreciação ter ido ao TC e passado, perdeu-se em considerações sobre a constitucionalidade "formal".
Como se por acaso houvesse uma constitucionalidade informal. A constituição é por definição a formalização de princípios básicos de funcionamento do nosso Estado. Não há uma versão informal.
Pode haver questões de interpretação, mas não é ela seguramente que tem capacidade para interpretar o espírito do legislador. Que saiba ele nunca soube de direito e começo a acreditar que também não sabe de maiss nada. É a bem dizer uma profissional da política, que tal como todos eles, abdicou bem a contra gosto de acumular a reforma de deputada com o salário de vereadora.
Eleita a reboque dum suposto movimento de cidadania que é o que ela entende pelo grupo de pessoas que vota nele para ter mais um tacho. Passa avida a bater no peito falando dos seus exemplos. Eu fiz isto e eu fiz aquilo. Na verdade o que ela fez é tão ténue que se não for ela a dizer não se dava por isso. E já agora, se não fizesse o que lhe compete (e para isso é eleita) seria mesmo muito estranho já que vive à conta do Estado português desde há 37 anos.
Que não é muito diferente do que se passa com Manuel Alegre, "the dead clown".
Não me lembro de um boicote tão assanhado por parte da direita quando governos de esquerda são eleitos. É absolutamente chocante ver a forma como esta gente, desde políticos a comentadores e jornalistas, têm tão baixa consideração pelo poder do voto.
Ainda ontem isso era visível por causa da percentagem obtida pela Sra. Le Pen em França.
A esquerda não concebe perder. Não aceita a derrota. Não aceita a sua incompetência a gerir um país e anseia por mais uma oportunidade. De o destruir definitivamente, seguramente.
Quando Passos Coelho falou em necessidade de protagonismo apareceram logo uns quantos a dizer que Mário Soares não precisa disso .
Talvez não precise, mas não se abstém de intervir por tudo e por nada. Até pelas piores razões como seja o caso da multa que o Estado vai pagar.
Alegre, esse sim, já precisa de protagonismo e Vasco Lourenço é apenas parvo e forrado do mesmo. Sempre foi e continuará a sê-lo.
Só não entendo é porque um tolo que nem pinta tinha para chegar a Cabo acha que tem o peso institucional, a história e a legitimidade para definir ele próprio o que é a Democracia.
A democracia morreu no dia em que uns quantos militares barbudos e meio aparvalhados quiseram transformar este país numa república socialista. Sonho esse que acabou em 25 de Novembro após um verão em que foram corridos à paulada de muitos sítios destes país.
Portugal não é nem nunca foi o que eles dizem que é. Nunca foi um país de Esquerda, muito menos da esquerda radical. O PS que se arroga de esquerda só conseguiu chegar ao poder quando se chegou "ao centro".
A esquerda tal como eles a concebem é incipiente. Mas faz um barulho do catano. E é de tal forma ensurdecedor que quase me atrevo a dizer que seria bom para todos estes palhaços que se fizesse aquilo que o PC e o Bloco defendem.
Mas que deixassem as fronteiras abertas, porque vão ficariam cá só eles.
Eu queria ver como iriam por o Estado a viver da maneira que eles advogam sem cheta e sem gente.
Se me é permitido o vernáculo - vão para a puta que os pariu.