O país das demissões... onde ninguém se demite

Quantas vezes ouvimos nós um político a clamar por uma demissão de outro?

Nem dá para lembrar e muito menos para manter uma contagem. É que a exigência é feita com tanta ligeireza que já ninguém a leva a sério.

Havendo verdadeiras e fundadas razões para demissão todos ficam mais ou menos calados, mas perante razões patéticas todos gritam em uníssono.

Desta vez é um tal de Miguel Freitas que diz que Marcelo não pode continuar como conselheiro de Estado. Porque sujou o bom nome de Seguro.
E este deve ter andado a matar a cabeça para descobrir de que cargo é que Marcelo se havia de demitir. Vá lá, sobrou o de conselheiro de Estado. Já nem me lembrava. Pensava que ia pedir a demissão dele da TVI.

Ora vamos lá a ver. Para se sujar um bom nome é preciso tê-lo e Seguro não o tem. Aliás, será um bocadinho difícil encontrar neste PS alguém com um nome em que se note alguma sujidade acrescida.

Um deputado do PS com elevadas responsabilidades no grupo parlamentar furtou 2 gravadores a jornalistas e não se demitiu. Nem o PS nem o grupo parlamentar o fizeram por ele. É que esse deputado tem o nome tão sujo, mas tão sujo que é humanamente impossível dizer dele alguma coisa que o possa denegrir mais do que ele já o fez.

O mesmo é válido para outros eminentes socialistas que tiveram posições governamentais. A terminar no grande líder que só de "casos" suficientes para nunca mais aparecer na política tem aí uns 4. Bom nome? Aonde? Só se for em Marte.

Não sei se quando rebentaram as sucessivas "bombas" mediáticas houve alguém a exigir a demissão do 1º ministro de então. Estou seguro que sim. Esse é o desporto favorito dos nossos medíocres tribunos. Passam a vida a pedir uns aos outros que se demitam. Eu só pediria que se calassem. É que nada deste teatro entorpecedor tem consequências. Nenhuma.

Convenhamos que ter alguém a pedir a demissão de Conselheiro de Estado de Marcelo por causa disto é no mínimo absurdo. Até porque está por demonstrar que Seguro não deu uma golpaça ou que ele seja uma pessoa séria.

Eu diria que se ele o fosse teria bem cedo deixado de pactuar com Sócrates. Coisa que não fez na esperança de poder assumir o seu lugar.

Toda esta patetice no PS, desde querer contestar um acordo assinado pelo Governo do seu partido até às votações com percentagens estalinistas é um sintoma daquilo que é o PS: um partido desnorteado que quando está fora do poder fica de cabeça perdida. A forma como ex qualquer coisa apoiam o líder do momento é de fazer dó.

O mais certo é que Marcelo tenha acertado com a sua observação. Se não tivesse, a reacção talvez não fosse tão indignada. Tudo isto só chama a atenção ainda mais para uma aturada leitura dos estatutos que Marcelo e outros farão certamente. É que contestar a interpretação de um texto jurídico feita por Marcelo é como tentar ensinar o Werner von Braun a fazer foguetões.

Há demasiada mediocridade no PS (e na política em geral). As discussões a dada altura parecem coisas de miúdos de escola primária. Muito berreiro, muito espalhafato, argumentos totalmente infantis que acabam sempre sem qualquer consequência.

Onde é que eles aprendem a ser assim? Já são parvos quando entram na política ou ficam enquanto lá andam? Alguma destas coisas deve ser porque são TODOS assim.