Marinho Pinto ou o asco em forma de pessoa
Bastou-me saber quem eram os dois intervenientes pare perceber de uma assentada que não queria lixo daquele calibre a entrar-me pela casa dentro.
Mas mesmo assim apanhei nos spots de promoção do programa uma ou duas afirmações de Marinho Pinto que me puseram os cabelos em pé.
Uma delas foi chamar "barata tonta" à ministra da justiça e a outra foi a de dizer "que ela tem mentalidade de polícia" ou até que ela é "traiçoeira".
Marinho Pinto não consegue parar de arrastar as suas antipatias pessoais para o exercício do cargo que desempenha.
Quando a composição deste governo foi conhecida ele foi uma das pessoas a manifestar-se favoravelmente sobre a Ministra.
Dias depois, quando ela mandou fazer uma auditoria aos pagamentos das defesas oficiosas, Marinho fez estalar o verniz.
Acusando a ministra de tudo e mais alguma coisa, chegou ao ponto de dizer que o ministério tinha manipulado os dados.
O tom foi-se suavizando até ao silêncio total.
Gostaria de saber quantos dos casos apontados não terão sido explicados cabalmente pelos advogados chamados a explicá-los. Estou convencido que muitos dos apanhados a aldrabar meteram a violinha no saco e sairam pela esquerda baixa.
Mas tenha tido o Ministério e a Ministra razão ou não, nunca ouvimos Marinho Pinto a desculpar-se pelas afirmações malcriadas e caceteiras que foi fazendo acerca do episódio. Nem nunca mais ouvimos falar dos imbecis advogados que foram manifestar-se à porta do Ministério e que ameaçaram processar a Ministra.
As coisas andavam relativamente serenas com vómitos periódicos de Marinho Pinto. A falta de nível deste homem não tem paralelo. Sendo ele um advogado medíocre, malcriado e totalmente insuportável, não me espanta que o que lhe saia da boca seja puro lixo. Mas mesmo assim não esperava que ele entrasse neste grau de baixeza verbal em nome das audiências e da sua campanha publicitária pessoal.
Felizmente há gente que ainda percebe que isto é demais. É demais quando ele se refere à ministra e seria demais se ele se referisse a outra pessoa qualquer.
Júdice zurziu Marinho por mais esta infeliz aparição televisiva. E com razão.
O discurso de um bastonário não pode ser para apelar aos piores sentimentos da ralé mais básica e inculta deste país. Ele é o bastonário da Ordem dos Advogados e representa, pelo menos na teoria, uma classe profissional que se quer culta, inteligente e moderada nas palavras.
Não se percebe a agenda pessoal de Marinho quando por um lado fala da qualidade do direito neste país e depois tem mostras da pior qualidade possível quando abre a boca.
São personagens como Marinho Pinto que tornam possível e frequente a falta de respeito para com as instituições. É gente que vê em Marinho Pinto um dos tais que põe o dedo na ferida, que vai a um tribunal como se fosse à tasca da esquina, que acha que ele e o juiz têm o mesmo estatuto na sala de audiências.
Marinho Pinto desrespeita da forma mais cru e despudorada a instituição judicial. Desrespeita os Tribunais, os Magistrados, o Executivo. Tudo.
E isso aos olhos de muito imbecil que anda por este país é um exemplo a seguir.
Nunca o Bastonário da OA teve tão mau relacionamento institucional.
Não por dizer verdades incómodas, mas sim por dizer verdades habilmente distorcidas e demagógicas por forma a ser notícia.
Marinho não tem soluções para nada. É apenas um imbecil em quem a classe dos advogados votou. Duas vezes.
Curiosamente com os ministros anteriores que causaram uma situação ruinosa na Justiça, desde Alberto Costa ao inominável Alberto Martins, Marinho nunca se referiu a eles de um modo que se aproxime a este nível de baixeza.
É uma pena não vermos como Bastonário alguém com craveira, distinção e currículo. Temos por outro lado a mediocridade, a bazófia e a finalizar a mais baixa educação que me lembro de ter visto num bastonário de qualquer ordem profissional.
É requisito para quem está num lugar destes que haja um relacionamento institucional com um mínimo de respeito pelos interlocutores. Manifestamente Marinho está a agigantar-se na imbecilidade que o caracteriza. É realmente repugnante.