Os saldos
Curioso é que o Grupo Auchan também abriu as suas lojas ontem e não ouvimos ninguém berrar a plenos pulmões por causa da humilhação do 1º de Maio.
O problema parece estar nos 50% de desconto em compras acima de 100 Euros que o Pingo Doce fez ontem e que deu azo, como seria de esperar, a uma corrida desenfreada e quase demente às suas lojas.
Do Bloco nem uma palavra acerca das outras empresas que abriram as suas lojas mas que não tiveram certamente a mesma afluência de compradores.
As promoções com descontos loucos não são novidade. Acontecem todos os dias em todo o lado. Seja por liquidação de stock em tempo de saldos, seja por promoção de Natal, Verão ou Páscoa, é usual fazer-se isto. E é usual haver uma corrida a essas lojas para conseguir a um preço descontado aquilo que ainda no dia anterior era muito mais caro.
Nunca ninguém saiu a terreiro acusando essas empresas de dumping.
E isso nunca aconteceu porque nunca foi tão claro que o responsável dessas empresas tenha um determinado alinhamento político. Isto a que assistimos, este disparate absurdo da esquerda inútil, não é mais do que um nojento aproveitamento político de uma situação que é absolutamente normal e constante.
Seria bem mais sério criticar o facto de as lojas estarem abertas no 1º de Maio. Essa é a questão central e a única que devia ser trazida à discussão. Meter parvoíces como a prática de dumping na equação para ultrapassar o facto de ser de alguma forma permitido trabalhar no 1º de Maio é argumentação de garotada pueril. Se não querem que isto aconteça legislem a obrigatoriedade de NÃO trabalhar no 1º de Maio. Mas para toda a gente, incluindo os trabalhadores das bombas de gasolina porque esses também têm direito à festa do trabalhador.
Isto é uma hipocrisia, vindo de gente que pouco se importa que haja gente a trabalhar um pouco por todo o lado.
O que se devia invocar é a possibilidade de as lojas poderem decidir se abrem ou não. Se lhes é dada a margem para poderem abrir do ponto de vista legal, então não há nada a dizer.
Uma empresa pode decidir abrir todos os dias do ano desde que não esteja a quebrar nenhum regulamento.
O que estes infantis bloquistas e comunistas querem fazer agora é simples. Pela ausência de uma lei violada (abrir no 1º de Maio) tentam aproveitar aquilo que são os comportamentos selvagens de alguns para imputar responsabilidades ao Pingo Doce. É como condenar Al Capone por fraude fiscal por não terem conseguido apanhá-lo por homicídio.
Chegam ao ponto de querer SABER qual a margem de lucro do Pingo Doce. Já estou a imaginar Soares dos Santos a mandá-los sonoramente à merda.
Nas declarações registadas pela SIC Notícias, até aldrabões como Honório Novo vem dizer que compra no pequeno comércio. Nem preciso de uma foto dele no Pingo Doce ou no Continente a fazer compras para ter quase 100% de certeza que mente porque convém.
Até a absurda Canavilhas diz que prefere festejar o 1º de Maio.
Toda esta gente mete nojo.
Metem nojo os apalermados trotskistas do BE que não perceberam ainda que não vivemos num regime socialista e não é com a sua miserável percentagem eleitoral, com tendência para descer, que iremos viver.
Metem nojo estes aldrabões comunistas que me querem fazer acreditar que apoiam o pequeno comércio quando essa não é nem nunca foi uma opção ideológica. Compram seguramente como todos nós numa grande superfície. Por preço e por conveniência e sobretudo por disponibilidade. Metem nojo estes ridículos do PS, como Paulo Campos a dizer que o Governo protege os poderosos. Ele que renegociou concessões com "poderosos" aumentando-lhes as rendas para mais do dobro. Ele que mentiu numa comissão parlamentar referindo um estudo da KPMG que a própria KPMG negou ter feito nessa mesma comissão.
O mesmo Paulo Campos que "oferecia" um lugar à bloquista que diz "Lesboa" e que apoia Soares.
É este verme que vem apontar o dedo ao Governo por não interferir numa decisão de uma empresa privada? É um insulto ter uma besta desta estirpe no parlamento a "representar-nos". Isso sim é uma vergonha.
Mas mesmo grave é ter o Governo a saltar neste "comboio" e vir dizer que vai legislar para regular as promoções inesperadas. O que é inesperado? Uma semana de antecipação? Então agora passamos a ter um período de preparação para avisar que vamos fazer uma mega promoção? Por lei?
Acredita alguém que se isto tivesse sido anunciado com uma semana de aviso a coisa tinha sido melhor? Eu acho que ainda iria ser mais grave. Houve muita gente que não foi porque não sabia.
Aqui está um exemplo de como se tenta resolver as coisas com leis de merda (como se não tivéssemos já que chegue) que ainda por cima agravariam o efeito que querem evitar. Se o ridículo matasse, amanhã tínhamos menos um ou dois ministros.
Quanto às cenas pouco próprias vistas em todos os canais de televisão...
Era previsível. Sabendo nós que 50% de desconto pode significar comer 2 meses pelo preço de um, é óbvio que as lojas iriam estar cheias. É óbvio que as prateleiras iriam ficar vazias com a "rapina" de tudo o que estivesse exposto.
Nem a velocidade de reposição nem os stocks das lojas poderiam de alguma forma suportar o embate. Junte-se-lhe a habitual falta de civismo dos envolvidos e temos isto que vimos.
As pessoas enlouquecem. Levam coisas que não lhes fazem falta. Vão deitar fora imensas coisas que levaram ontem para casa.
Tudo isso é previsível.
O que não se pode esperar é que as pessoas se coíbam de comparecer em massa só porque acham que o dia do trabalhador é uma coisa solene que devem respeitar.
Pode permitir-se fazer isso quem ainda pode fazer a sua vida normal sem andar à caça de bagatelas. Para quem está a passar dificuldades e para quem 150 Euros a menos em compras de 1 mês pode significar muito, estas considerações acerca dos direitos dos trabalhadores e sobre a lutas que levaram a instituição do 1º de Maio como dia Internacional do Trabalhador não lhes dizem nada. Nada.
Quando soube da promoção disse imediatamente que ia ser uma avalanche. Vão aqueles para quem isto faz diferença, vão outros para quem não faz tanto e irão outros só pela curiosidade.
Só quem não faz compras nos dias antes do Natal é que não sabe o que esperar.
Mas a verdade é que enquanto a esquerda tentar trazer a política para o meio destas discussões, perde o combate. Enquanto ela tentar dizer ás pessoas com mais necessidades que se deviam abster de poupar 50% vai ficar a falar sozinha.
Enquanto esta esquerda tentar mandar abaixo uma empresa, usando argumentação falsa, ou na maior parte dos casos puramente ridícula, vai continuar a ser aquilo que é.
O Bloco ainda não se apercebeu da sua verdadeira falta de expressão política no meio dos eleitores. São um grupelho de esquerda pseudo intelectual, onde pontuam alguns diletantes da academia. Não são "povo" não se consideram como tal nem nunca saberão realmente o que é ser "povo". Eles são uma espécie de vanguarda esclarecida que fará pelo povo "ignorante" aquilo que ele não tem capacidade de fazer. São as elites intelectuais dum movimento operário que não existe.
Chamar o ministro da Economia à Assembleia para pedir contas ao Governo é absurdo.
Ou há uma lei que proíbe de abrir no 1º de Maio ou não há. Ou é permitido avisar de véspera ou não é. Ou se pode fazer uma mega promoção de 50% de desconto por um dia ou não pode.
Não se ponham a inventar leis e regulamentos incumpridos porque a quem cabe legislar é à Assembleia da República. Se não o faz é porque se tornou tão preguiçosa e inútil que grande parte da legislação que é produzida não passa de Decretos do Governo. E essa prática já não vem de agora e Sócrates usou e abusou dela.