Alternativas?

Não há por estes dias um único português que não tenha dezenas de alternativas para evitar o SEU aumento de IRS.
Não é o aumento do IRS como um todo. è apenas o do seu escalão.

Isto porque todos nos especializamos em proteger os NOSSOS interesses esperando que os outros paguem o que for preciso.

As soluções vão do delírio ao patético. Mostram bem até que ponto a discussão das questões de um país ao nível do seu cidadão pode ser um exercício completamente fútil.

A base de todas as discussões é:
Todos os políticos são corruptos.
Aumentam os impostos para ficarem eles com o dinheiro.
Daqui a um ano estamos na mesma ou pior.

A realidade, a dura realidade é:
O buraco que é preciso tapar agora é da ordem dos 5.000 milhões.
O valor dos juros da dívida é de 8.000 milhões / ano.

A solução para muitas destas pessoas que NÃO estão na função pública é : despedir gente da função pública. Porquê? Porque, segundo eles, não fazem nada.
Generalizam de uma forma alarmante a ponto de acharem bem por dezenas de milhares de pessoas sem meio de subsistência.
Por um lado berram pelo desemprego e por outro defendem o desemprego generalizado na função pública.

As outras solução é: pagar o salário mínimo aos cargos políticos dirigentes.
Pouco importa se depois só conseguem gente incompetente para os lugares.
Ninguém com um mínimo de saber e de prestígio vai querer assumir responsabilidades de ministro por 2000 Euros por mês.
Se houvesse alguém que aceitasse nessas circunstâncias seria bem pior do que aqueles que temos hoje. E hoje estas pessoas apologistas do político executivo por salário mínimo já se queixam da incompetência dos que lá estão

Outra solução é não pagar a dívida. Qualquer chamada de atenção para o estado ainda mais deplorável da Grécia parece passar ao lado dos defensores desta opção.
Qualquer chamada de atenção para o que significaria uma opção dessas não colhe grande assentimento.

Aliás, o português é conhecido por gestos e decisões irreflectidas que tenta reverter quando é tarde demais.

Estamos num ponto perigoso em que quem tem a responsabilidade de resolver os problemas tem a incompreensão de todos aqueles que estão a sofrer na pele com esta situação.
O que a "rua" pede é demitir este governo e "depois logo se vê". Cegueira total e muito pouca compreensão da situação real em que o país está. E não é por falta de aviso.
Avisos a que a "rua" responde com "cortem nos carros", "cortem nos deputados"  e outra insanidades do mesmo calibre.

Quando Gaspar desafia os deputados a cortar na despesa como alternativa ao aumento da receita sabe que nada de útil ou prático sairá dessas propostas.
Ou porque não têm o resultado esperado ou simplesmente porque é muito díficil conseguir este ajustamento sem cortar em coisas essenciais.

O problema de muitas soluções propostas é que o seu efeito é lento e só se faria sentir ao fim de alguns anos. O problema do orçameto é AGORA.

Podem lançar-se as bases para a diminuição do peso da função pública não admitindo novos funcionários e esperando que outros se reformem mas esse efeito só se sente ao fim de alguns anos.
Quantos estão à beira da idade de reforma? Quantos se reformam por ano?
O que vão receber de pensão é uma percentagem do que recebem de salário mas a poupança do Estado num caso desses é apenas o diferencial entre os dois valores.

Aquilo que Medina Carreira diz acerca da despesa do Estado é simplesmente isto: A fatia significativa dos gastos do Estado vai para salários da função pública e pensões.
Querem que se seja draconiano e se corte aqui? Aparentemente não. Aliás, em Portugal ninguém quer que se corte em nada.
Por isso nenhum governo quis enfrentar o descontentamento e o Estado foi sempre crescendo de forma a absorver metade da riqueza criada no país.

Há coisas inevitáveis na vida. O incrível é que nós assistimos a tudo isto e a "maioria" nunca soube ou nunca quis saber. Diz hoje que era obrigação dos políticos ter evitado este estado de coisas. É verdade, mas cederam sempre ao populismo e ao eleitoralismo na hora de votar. Enquanto a vida lhes ia correndo de feição não havia preocupações.
Agora que é tarde demais e em que só temos um estreito caminho a percorrer, sem alternativas e sem regresso, gritam a plenos pulmões porque quem lhes diz para seguir por esse caminho não tem imaginação.

Até compreendo que pudessem sr tentadas outras formas. Um choque fiscal, uma abaixamento do IRC para fomentar o empreendedorismo e o emprego. Mas isso vai a tempo do fim de 2013 em que temos de ter 4.5% de deficit?
E se o choque fiscal não resultasse? E se a queda da receita de IRC fosse uma perda insuportável para as contas?

Estamos no domínio das convicções. Uns estão convencidos que esta solução não vai dar resultados e outros vão estar convencidos que outras soluções não resultam.
Acontece que é este governo que tem o mandato, que se comprometeu e que tem de dar a cara perante os credores em nome do país se as coisas correrem mal.
Não nos esqueçamos que os credores souberam destas intenções e concordaram com elas. Será que ao chegar ao fim do ano se não cumprirmos o deficit não é mais fácil trazê-los á mesa das negociações e dizer-lhes que a receita aprovada por eles não resultou?
E conseguir com isso um relaxamento das condições em função da conjuntura?
Já aconteceu bem recentemente. É possível que possa ser essa a estratégia. Há factores exógenos que podem determinar o falhanço de uma meta. Nada de mais frequente.


Mas uma coisa é fazer TUDO para cumprir e outra bem diferente é não o fazer porque se acha que seja como for não se chega lá.

No estado em que estamos não temos qualquer autonomia de decisão. Os credores têm de validar as forma como nos propomos resolver o problema.Quem nos pôs nesta situação? E que tal olhar para quem fez crescer a dívida à louca numa altura de crise financeira internacional para dar uma "sacudidela" positiva na nossa economia?

O método defendido por muitos nos dias que correm é que não vale a pena fazer o esforço porque não vai dar resultado. Essa é um bocado a posição do PS. A posição do PCP e do BE é mais alienada. è mais do estilo - não pagamos e não temos medo de ninguém. Ainda queremos que haja aumentos e passem ao quadro todos os que estão a contrato.

Até no corte de verbas às fundações as posições não podiam ser mais extremas. Uns dizem que se cortou em fundações que faziam falta. Outros dizem que é uma vergonha ter sobrado alguma fundação que receba dinheiros estatais.
O critério é determinado pela proximidade que se tem de certo sector político, ou simplesmente porque se tem de desancar o governo faça ele o que fizer.

Num país completamente dividido quanto ao diagnóstico como é possível chegar a um consenso na terapia?