Se não for Gaspar, quem?

Realmente somos um povo estúpido. E por povo nem me refiro só aqueles energúmenos que inventam sempre soluções imbecis para problemas que não temos. Normalmente passam sempre por proibir alguma coisa.

Refiro-me aos jornalistas, aos comentadores, aos agitadores profissionais, aos políticos com dor de cotovelo. Em suma à elite falante deste miserável cantinho.

Andam há semanas a pedir a remodelação do Governo. A princípio era Santos Pereira. O homem até tinha tido a falta de sentido de estado de pedir que o tratassem por Álvaro. Até o insigne Marcelo comentou isso.
Foi o bombo da festa durante algum tempo após se ter esgotado o filão do ar condicionado de Assunção Cristas.

Depois foi Relvas. E que tinha formação duvidosa, e que era isto e aquilo. Curiosamente vindo de gente com formação de igual nível ou simplesmente de gente que "frequentou" um qualquer curso superior da farinha Amparo.

Chegou o momento de Gaspar. Fez uma coisa que não gostaram. Um bombardeamento fiscal, com napalm a baixa altitude.
A solução foi, como sempre é para os pobres de espírito, a demissão do ministro. Como se isso travasse o orçamento e fizesse com que o seu "sucessor" obtivesse um resultado diferente nas contas.

A coisa chegou a um grau de delírio absolutamente inacreditável.

Hoje no Expresso há um artigo acerca das alternativas a Gaspar no caso dele sair. E a conclusão é que não há. Os que podiam ser não aceitam e os outros não podiam ser.

Quando se começa a pedir um governo de iniciativa presidencial é preciso pensar que as pessoas podem dizer não. E o mais provável é que digam não num momento como este.
Depois de toda a carga negativa que se atirou para cima de figuras públicas, sejam elas sérias ou não, ninguém de valor deve estar disposto a passar pelo mesmo. Ainda menos quando têm de ser pessoas de craveira profissional acima da média que estarão a ser bem pagos pelo trabalho que desempenham e não têm de se expor à demência da populaça. E também não têm de se expor à demência dos media.

Chega-se à conclusão que Gaspar foi uma sorte como ministro. Pouco me importa se ele deita mão duma coisa destas para salvar as contas públicas e com isso salvar Portugal como país. Gaspar foi uma sorte.

É raro ter alguém com saber, convicção, prestígio e coragem numa mesma pessoa.
Se quiseram encontrar um cobardola que faça as coisas de maneira a agradar ao chefe e à rua vão buscar Teixeira dos Santos. Se querem um homem frio e absolutamente pragmático vão buscar Medina Carreira.
Quando ele atacar a despesa do Estado na sua fatia mais significativa chamam-lhe os nomes todos.

Não me admira que a populaça grite pela cabeça de todos quando lhe mexem no bolso. Já me espanta que os bem pensantes o façam.
Por hábito os bem pensantes falam de mais. Calam-se quando deviam falar e falam quando deviam estar calados. Parece ser uma constante da nossa vida nacional. De tal forma é assim que já todo e qualquer idiota dá opiniões sobre coisas que não percebe. Não acreditam em mim? Então leiam o que os "jornalistas" escrevem.