Entre a irrelevância e a estupidez mais refinada

Nas minhas cada vez mais raras passagens pelo site do Público encontrei um título que me chamou a atenção:
PS compara Moreira da Silva (PSD) ao antigo ministro da propaganda de Saddam
E fui ler. Não resisti. E de quem eram as declarações? De Zorrinho, claro.
Esperava eu que o texto ou as suas declarações fossem pelo menos ilustrativas do paralelo com o famoso "Comical" Ali. Mas afinal não era bem isso.
“O vice-presidente do PSD fez-nos hoje lembrar o antigo ministro da Propaganda do Iraque. O PSD diz que tudo está bem, mas os portugueses sabem que o país está mal”, disse o presidente do Grupo Parlamentar do PS.
De acordo com Carlos Zorrinho, a intervenção de Jorge Moreira da Silva, com críticas à moção de censura apresentada pelo PS, “é mais uma prova que o Governo não aprendeu nada com os seus erros e encontra-se em estado de negação”.
Só lhes interessa perpetuarem-se no poder. Se dúvidas houvesse, fica demonstrada a absoluta oportunidade da moção de censura do PS”, declarou o presidente do Grupo Parlamentar socialista.
A moção de censura do PS ao Governo é discutida e votada na quarta-feira na Assembleia da República.
Confrontado com o repto do PSD para que o PS encontre financiamento alternativo caso o Tribunal Constitucional chumbe algumas normas do Orçamento do Estado para 2013, Carlos Zorrinho voltou a criticar o Governo.
“O Governo está muito nervoso quanto ao Tribunal Constitucional e não perde uma oportunidade de pressionar o tribunal. O PS não faz isso”, contrapôs.
As duas frases sublinhadas são particularmente irónicas.
A tirada da perpetuação no poder é no mínimo curiosa. Perpetuação é o que tentam fazer democratas como Chavez alterando a constituição para levantar a limitação de mandatos.
Não me parece que um governo que cumpra uma legislatura do princípio ao fim seja um exemplo de alguém que se quer perpetuar no poder.
Talvez a comparação com o PS fosse mais adequada. Em 2009 tomou medidas completamente demagógicas e danosas para as contas públicas para conseguir uma vitória nas eleições de 2009. Não só escondeu a real situação do país, mentindo despudoradamente, como usou o dinheiro do Estado para comprar votos de forma descarada.
Dois anos depois estávamos numa situação de não poder pagar salários aos funcionários públicos aumentados em 2009.
Isso sim, é querer perpetuar-se no poder custe o que custar. Mesmo que para isso se tenha de empenhar todo um pais para o conseguir.
No caso presente é muito difícil dizer que o PSD tenta fazer isso. Certamente não está em situação de comprar votos nem tem conseguido grandes simpatias com as medidas que tem de implementar.

Aquilo que seria um cenário de normalidade na cena política (governo com apoio maioritário levar a legislatura até ao fim) é virado do avesso e visto como uma tentativa de se perpetuar no poder.

Mas mesmo assim e descontando a imbecilidade inata e inesgotável de Zorrinho, estas declarações são no mínimo uma inversão total daquilo que seria a normalidade.

E se nos lembrarmos do que se passou com os disparates de Sócrates durante o 1º mandato, nunca ninguém pediu a demissão de um Governo legitimamente eleito. O limite até onde ia Jerónimo era a "política de direita". Nunca em tempo algum defendeu a inversão da ordem constitucional.

Mas como já sabemos, democracia para o PCP e para o BE é quando eles estão no poder.
Felizmente quer pelo teor das suas ideias quer pelos tristes exemplos ditatoriais de regimes que apoiam, conseguem um apoio junto da população que nunca lhes permitirá aceder ao poder.

O PS parece andar animado com as sondagens.
Não tardará muito voltaremos ao período Guterrista em que as decisões eram tomadas tendo em conta os resultados de sondagens. Navegação à vista. O único objectivo era mesmo manter-se a flutuar agradando a uma percentagem suficiente de portugueses para ir ganhando eleições.

Seguro tem o entusiasmo de um saco de pedras e de cada vez que fala diz o mesmo. Nem poderia dizer outra coisa. O PS é refém do que acordou com a troyka e tenta agradar a Deus e ao Diabo. Tarefa impossível. "Acabe-se a austeridade", "escrevi uma carta a comprometer-me com o plano", 

Mas Zorrinho... Zorrinho é inimitável.
Ele é a prova viva de que um idiota pode fazer um doutoramento. É a prova de que o mais alto título académico não significa necessariamente inteligência e honestidade intelectual.
Aquele sorriso apalermado que ele faz quando está nervoso, o discurso titubeante enquanto pensa numa saída para um debate.
São tudo sinais de alguém que não é particularmente brilhante. Ter colocado este homem como líder parlamentar é como ter o "emplastro" a fazer exteriores para uma estação de televisão. A única pessoa que não devia estar lá, foi a escolhida.