Retoma?
E é curioso como isso afecta o ânimo das pessoas pela positiva. Sente-se um certo alívio no ar, talvez potenciado pelo período em que a maior parte segue a informação de forma mais desligada.
Existe claramente um pendor depressivo e negativista na informação que temos, vindo na maior parte dos casos de uma esquerda enquistada na comunicação social.
Quase parece que quando não os vemos e ouvimos as coisas parecem mais animadoras.
O facto é que no 2º trimestre Portugal apresentou números belíssimos. A maior inflexão de toda a União e batendo em quase duas vezes as previsões mais optimistas.
Perante tais números assistiu-se a duas atitudes. Afinal as típicas para as forças em presença.
Do lado do Governo o tom é cauteloso. Não embandeiram em arco e referem mesmo que são sinais ténues e provavelmente ocorrerão aos solavancos. A cautela demonstrada nem sequer é muito típica da forma como os nossos governantes se comportam. Lembram-se do Oásis e da recuperação de Manuel Pinho perante meras décimas?
Não me parece que o tom seja triunfalista e muito menos eleitoralista. Na verdade é muito contido para aquilo que é normal. Mas, no contexto, é sem dúvida a abordagem mais prudente. Não é de todo claro que estejamos a caminho de uma recuperação firme.
A oposição, por outro lado, diminui a importância dos "números". Insinua mesmo que são forjados ou libertados agora porque servem o momento eleitoral.
Mas esta possibilidade é um pouco difícil de acreditar não só porque os dados do 2º trimestre são sempre revelados nesta altura como também porque vêm de entidades oficiais independentes e sancionadas pelo Eurostat.
A coincidência com o momento eleitoral é altamente inconveniente para a oposição que nesta altura não tem muito a que se agarrar para repetir os mesmos chavões. Claro que o PS aproveitou o momento para insistir na redução do IVA na restauração tentado erguer os ombros acima do momento positivo como que a querer ganhar um protagonismo de de súbito perdeu.
O PCP e o BE têm mantido algum silêncio. Não sem antes desdenhar da importância dos "números" ou realçar que apesar deles tudo continua péssimo.
Soube-se também que está a haver uma contração na despesa aproximando o valor do deficit daquilo que seria previsto para o fim do ano.
E aqui é que a oposição teve uns dias em cheio. Contando com a normal superficialidade de análise do eleitorado lá voltou a dizer que despesa SUBIU, esquecendo-se que ela será maior a cada mês que passa (obviamente) como se de repente tivesse de haver um mês em que a despesa pura e simplesmente estagnasse. Na verdade ela tem vindo a baixar em relação ao previsto ainda que aconteça, como tem que ser.
O caso da dívida foi outro em que a oposição pegou como um exemplo da má gestão das contas públicas. Num nível de 130% seria a indicação de uma catástrofe iminente. A verdade é que à medida que for havendo amortizações para as quais existem já as devidas provisões, o número começará a reduzir-se. Mais ainda se isso for acompanhado de uma subida do PIB o que pode signifiacar um súbito abaixamento da dívida em vários pontos percentuais. Até lá a oposição tentará capitalizar na "grandeza" do número evitando falar de algumas subtilezas que desconhece ou que conhece mas não servem os seus intuitos.
O mais curioso é que o mês de Julho parece confirmar a tendência do 2º trimestre e isso pode querer dizer que o 3º trimestre seja francamente bom e indiciador de que o país bateu no fundo da curva e começa a dar passos de recuperação.
Se isto se verificar (Julho reforça segundo trimestre) não tenho qualquer dúvida que o clima de algum optimismo que já se verifica, seja pelo efeito do período de férias ou não, potenciará este efeito e pode significar uma confirmação da recuperação.
Isto não podia acontecer em pior altura para a oposição. Uma coisa destas à boca das urnas num país com uma memória de um mês (se tanto) pode ditar um resultado eleitoral para o PS aquém do esperado. E se assim for Seguro pode muito bem levar o derradeiro pontapé nos fundilhos.
Se o PS falha a oportunidade de aproveitar "todas as maldades" que este governo fez ao país, estará condenado.
Se entrarmos em 2014 num momento de clara recuperação dos indicadores económicos os dois partidos do poder irão capitalizar isso na melhor altura possível e a margem das sondagens começará a reduzir-se seriamente para o PS.
Se a mensagem desses partidos passar por comparar o "antes e o depois" de forma inteligente, Seguro não terá qualquer hipótese.
Um líder que por contraponto às medidas que foram sendo tomadas propõe mais despesa ou soluções de mercearia é um líder totalmente incapaz de gerir um país em bom estado, quanto mais um país em profunda crise.
Espero bem que esta retoma tenha vindo para ficar. Que finalmente acabe o calvário de tantas famílias. Que o desemprego comece paulatinamente a diminuir e que isso signifique uma nova esperança para um país que tanto precisa dela.
Espero também que muita gente veja a diferença entre a forma de gerir um país que leva à ruína e a forma que o tira da ruína. E realçar essa diferença vai ser o santo Graal da comunicação governamental e partidária para as próximas legislativas.
Espero bem que sejam capazes. Já levaram tempo demais a silenciar os erros e as asneira de um sem fim de incompetentes e criminosos. É tempo de por os nomes aos bois.