Os líderes "fortes" e a democracia

Parece que ao contrário do que acontece no PS ainda existem pessoas no BE que pensam pelas sua próprias cabeças.

E levam a mal o facto de não terem sido envolvidas nas decisões que são determinantes em qualquer força política.

Um membro da mesa Nacional (a mesa é grande como devem calcular...) demitiu-se por discordar da atitude, aparentemente unilateral, do líder de anunciar a apresentação de uma moção de censura a um mês de distância.

Louça parece estar a ficar embriagado com a sua própria notoriedade e "brilhantismo". O camarada que outrora defendeu a igualdade absoluta parece-se agora com os ideólogos que sempre se colocaram acima de todos os outros.
Pelo menos acredito que seja assim que os outros membros do Bloco encarem a sua atitude.

Louçã fica claramente embevecido consigo mesmo. É uma espécie de Professor Marcelo de "carga" contrária.
Após as suas típicas tiradas fica sempre com aquele sorriso trocista de quem acha que aniquilou o adversário e não consegue disfarçar um orgulho quase imbecil.

Começa cada vez mais a parecer-se com Sócrates e o BE começa cada vez mais a parecer-se com um PS onde todos se subjugam ao brilhantismo incontestável do lider.
De democratas convictos a ditadores de pacotilha. Do diálogo ao arbítrio mais absoluto.

Imagino que esse sentimento vá sendo inculcado por um povo que gosta de líderes "decididos" e "determinados".

Mas enquanto no PS todos ele sabem que podem ganhar alguma coisa com a anulação da própria opinião (uma fatia do poder), no BE o que eles têm a ganhar não é nada...
Em troca da subserviência não há nada para ganhar. E isso num partido em que a ilusão das decisões partilhadas sempre pesou , isso é mortal.

Louçã regressa ao que foi antes da reabilitação auto infligida. Voltou a ser um indivíduo que se acha intelectualmente superior a todos os que o rodeiam e despreza a "falta" de inteligência. E despreza-a também no povo português.

Como um grande líder e educador da classe operária (?) começa a colocar-se na posição do líder omnisciente e responsável único pela ascensão do Bloco.
Chega ao ponto de se arrogar de representar 40% dos cidadãos deste país. Só este atrevimento já seria digno de um puxão de orelhas mas talvez seja mais satisfatório ver o Bloco transformar-se em nada.

Passa de ser um partido comunista com vergonha em se assumir a um grupelho com um líder com delírios de grandeza.

Não posso dizer que tenha pena ou que seja uma surpresa.
Louçã sempre foi insuportável e mais vinha ficando com os sucessos eleitorais.
Fruto duma conjuntura política podre e descredibilizada, Louçã e o BE passaram a fazer parte dela.
Já não podem considerar-se outsiders