Uma realidade paralela

Posso ser eu que não ando a tomar medicação. Ou pode ser que vivamos numa sociedade em que a estupidez mais completa se sobrepõe à lógica e à racionalidade.

Alguma destas coisas tem de ser.

Só posso concluir isto quando vejo uma notícia de subida dos juros da dívida soberana e logo a seguir vejo comentários a imputar ao Pedro Passos Coelho, Paulo Portas, Jerónimo de Sousa e Louçã a responsabilidade da subida dos juros da dívida.

Só posso acreditar que esse discurso venha de gente descerebrada na qual o discurso nojento dum PS em decadência produz resultados.

Sim, é verdade. Há gente que por uma manifesta falta de treino, não consegue usar o cérebro e prefere repetir como um papagaio  tudo o que o líder deita cá para fora, por muito nojento e demagógico que seja.



Se olharmos para este gráfico é imediatamente aparente que o aumento da despesa do Estado que estava num valor abaixo dos 7 mil milhões em 2005 disparou para mais de 9 mil milhões em 2010.
Quando visto ao lado do sector empresarial do Estado, em que a dívida aumentou desmesuradamente é caso para perguntar para onde raio foi esta despesa feita?

O curioso de tudo isto é que esta informação é acessível pelo público e muito mais pelas agências que avaliam o risco das economias Nacionais.
E não só parecem saber bastante mais que Teixeira dos Santos como, de certeza, sabem mais que o vulgar comentador de jornal.
E é com este "retrato" infame da nossa economia que acham que Portugal tem um nível de risco elevadíssimo para contrair dívidas adicionais. O aumento da taxa de juro é um "seguro" para uma eventualidade de default.

Do ponto de vista de racionalidade esta é uma situação absolutamente indesmentível. Os "mercados" não são exactamente uns tipos com um ar conspirador e chapéus pontiagudos reunidos numa cave escura a planear a destruição de países.
Não precisam de ser. Países como o nosso auto destroem-se. Não precisam de ajuda.

E espiral de gastos que enriqueceu muito boa gente que vive à conta do Estado (e não estou a falar daqueles que trabalham para o Estado) o que fez florescer fortunas enormes nos últimos anos sem qualquer razão aparente.
Essas fortunas fizeram-se em grande medida à custa de endividamento externo. Todas as empresas do regime, todas as mordomias inexplicáveis de gente que "vive" no sistema delapidou o país de recursos que deviam ter sido muito melhor gastos.

Claro que o PS vai querer dizer que a responsabilidade de tudo isto é dos partidos da oposição que no dia 23 puseram Sócrates no seu devido lugar.

Mas a verdade é que a responsabilidade é do primeiro mandato de Sócrates. Alguma vem também detrás, dos governos Guterres. Apesar de tudo Cavaco, ainda que tenha feito muita asneira com os fundos de coesão, não transformou o país em "lixo". O nível de dívida e de despesa que ele deixou foi incomparavelmente menor. A economia tinha algum crescimento, ainda que muito dele correspondesse quase directamente às verbas da CEE.

Mas a génese disto que vivemos começa verdadeiramente com Guterres e com os que se lhe seguiram.

Sócrates levou isto ao limite. Desde 2005 o declive da curva é arrepiante.

Querer branquear isto é algo que se espera do PS. Num partido que já deixou de ser sério há muito tempo não é de esperar que reconheçam um bocadinho de culpa da situação.
Mas o que surpreendente é que a maior parte dos papagaios nem sequer consegue (ou não quer) fazer uma análise da informação que lhes chega todos os dias.
Estão para ali virados e repetirão o que o líder disser nem que seja a coisa mais imbecil da história.

Vivem num mundo paralelo em que a realidade e a ficção estão trocadas. Vivem num mundo em que se vota sempre no mesmo faça ele o que faça.
É a beleza da saber liderar as "multidões". Vai haver sempre uma mão cheia de tolos que seguem a direcção que lhes for apontada. Se juntarmos a estes aqueles que viveram lindamente desde há uns anos com o pinga pinga estatal teremos uma percentagem considerável que irá votar PS.

Mas aqueles que vivem do seu trabalho sem qualquer ligação política e que sentem já uma degradação nas suas condições de vida pensam de outra maneira. E com esses o PS não pode contar. Não estou a dizer que todos eles sejam intelectualemente brilhantes, mas pelo menos conseguem perceber no meio de todo o ruído que há um partido e um líder que são responsáveis dos últimos 6 anos de desgraça.
Ainda que a crise internacional tenha tido responsabilidade (e teve) não deixa de ser grave que um Governo absolutamente negligente e mentiroso tenha evitado fazer aquilo que era preciso fazer para estancar o problema.
Sócrates ficará para a história como o 1º Ministro e Ministro das Finanças mais incompetente que Portugal já viu e Teixeira dos Santos, secretário de Sócrates, ficará para a história como o mais ignóbil pau mandado que Portugal já teve.

Se querem ler mais acerca da nossa dívida vejam aqui: DÍVIDA EXTERNA CONTINUA A CRESCER