Uma ética espessa
O Expresso julga-se desde há muito tempo num patamar superior. Jornalistas meio pedantes e cheios de si, não têm feito mais do que ignorar tudo o que envolve e envolveu Sócrates e a sua pandilha de criminosos.
Entretém-se com questões muito ao jeito de tricas de vão de escada.
E nada parece mudar na orientação editorial deste jornal.
O caso mais recente é o de Miguel Sousa Tavares e uma crónica sua em que desanca Luis Marinho por um caso passado há 8 anos e que segundo MST comprovaria que já nessa altura Luís Marinho de "livrara" de vozes discordantes do poder vigente.
Confesso que quando li um excerto num blog que já nem me lembro qual foi, pensei que aquilo só podia ser um ajuste de contas. Terminar dizendo que Luis Marinho nunca tinha feito nada peplo jornalismo é claramente ofensivo para alguém que não fez também outra coisa que tenha sido viver dum jornalismo caceteiro e de linguagem abusada.
Sousa Tavares não ficará na história pelo que escreve nos jornais. E pelo que escreve nos livros também não me parece que venha a ficar na história da literatura portuguesa.
MST não é flor que se cheire. Sendo eu fumador nunca mais me esquecerei de declarações absurdas deste senhor comparando o incómodo de fumar nos restaurantes ao incómodo causado pelos filhos "dos outros" nesses mesmos restaurantes.
A ânsia de querer parecer "contra corrente" e equidistante de tudo e de todos acaba por fazer dele uma espécie de intelectual da má língua.
MST gosta de cultivar esta imagem de iconoclasta. Daquele que passa vida a por o dedo na ferida. Mas muitas vezes se acerta e muitas vezes se erra. E MST erra abundantemente.
Usar o jornal para acertar contas passadas é no mínimo pouco elegante. E pouco frontal, para não lhe chamar simplesmente cobarde.
Mas mais grave é que a resposta do visado em vez de ter algum destaque no jornal foi relegada para as cartas dos leitores e truncada no seu conteúdo. Supostamente porque a acusação de MST tinha 1500 caracteres e a resposta de Marinho tinha 6000. Curioso como gente tão habituada a subjectividades faz contabilidades tão exactas quando chega a altura de dar algum direito de resposta a uma pessoa acusada de ser um cão de fila do poder. Ainda por cima de virar a casaca e ter a mesma actuação duas vezes.
Não sei se Marinho tinha razão. Não sei se MST tinha razão. A verdade é que mentirosos e serventuários do poder existem neste país às carradas. E não acredito que nenhuma destas duas "florzinhas" esteja livre destes pequenos defeitos de carácter.
O problema está na forma selectiva com que o Expresso trata algumas censuras e como exerce a sua própria censura. Ou como dispensa um jornalista (Mário Crespo) por discordar dele numa crónica escrita.
Ou seja, apoiam MST por criticar essa atitude por parte de Marinho e fazem a seguir quase exactamente a mesma coisa. Alegadamente num caso seria por pressão do poder e noutro por "deslealdade" ao jornal.
Contas feitas o resultado é o mesmo. Censura. Se o Expresso alega isso em relação a Luis Marinho é bom que olhe para si e se reveja nas suas próprias palavras.
Há muito tempo que não se compra o Expresso cá em casa. A única verdadeira vantagem que vejo no jornal é o seu volume em papel que é útil para embalar coisas frágeis ou para acender o churrasco e o saco que sempre pode servir para lixo.
Quanto ao conteúdo é, desde há muito tempo, uma desgraça. Podia estar escrito em chinês que eu faria exactamente o mesmo esforço que faço para o ler. Nenhum. Desde que cronistas como Marinho Pinto ou MST a tontos pomposos como o Nicolau do lacinho escrevem nesse jornal que nunca mais me dignei sequer a lê-lo no site. Demasiado esforço para tanta porcaria.
Por um caminho semelhante enveredou o Público. Surdos a notícias de relevância, a viver de artigos de agências noticiosas traduzidos por estagiários com um chocante pendor para a sabujice rosa.
Para dois jornais que se podiam considerar de referência, percebe-se até que ponto desceram.
No meu caso e provavelmente de muitos outros como eu, nunca mais sairá do bolso um cêntimo que seja para comprar esses pasquins.