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Hoje liguei o rádio de uma forma diferente. TSF Online. E dei de "ouvidos" com Tózé Seguro no Parlamento.
A questão andava à volta das poupanças nas rendas do sector da energia. Já apanhei a "conversa" a meio, mas percebi que Seguro queria saber do valor total das poupanças, qual era a sua composição. O "breakdown" como ele dizia.
Passos Coelho lá lhe respondeu que as poupanças tinham a ver com as taxas de prontidão e outros aspectos do sector energético e que poderiam oscilar entre dois valores.
Mas Seguro queria saber em quanto isso afectava a EDP e a GALP. Provavelmente ao cêntimo.
Não sei se isso é especialmente importante, mas a verdade é que não se espera que toda a gente tenha esses números na ponta da língua. É talvez mais importante saber a poupança global. Até porque as estimativas ainda têm um intervalo de incerteza razoável.
No caso de Sócrates ele também não sabia dar o "breakdown" da forma como desbaratava dinheiro. Esse nem ideia tinha do total. Note-se que ainda hoje no caso das PPP's as opiniões vão desde os milhões positivos (segundo Paulo Campos) aos milhares de milhões negativos que se conseguem apurar se não se for um ser desprovido de vergonha.
Mas Seguro insistia. E Passos Coelho lá lhe disse que se ele estava tão interessado assim, podia pedir ao Ministro da Economia que lhe enviasse esses valores em detalhe.
Passou depois à tele conferência onde tinha ficado decidido ajudar a Espanha. E Seguro, exigia saber quais eram as condições dessa ajuda. Provavelmente para ficar com os louros de ter sido ele a pressionar o Governo no sentido de baixar os juros da nossa ajuda.
Na resposta PC informou-o de que esses pormenores não estavam decididos e que isso teria lugar numa futura conferência do Euro Grupo. Uma coisa era certa, a ajuda tinha sido decidida. Relembrou mesmo que Vitor Gaspar já tinha informado a AR de que essas condições ainda não estavam acertadas.
Seguro parte para uma preleção totalmente demagógica dizendo que o 1º Ministro nem sabia de coisas importantes, com aquele tom que só de ouvir dá vontade de o estrangular. Um discurso unicamente destinado a menorizar Passos Coelho, tal como fazem os putos ranhosos quando pretendem gozar com os outros.
As intervenções de Seguro quase sempre se pautam por duas grandes linhas de orientação.
- Querer fazer-se passar por um líder capaz e com grande sentido de Estado, profundamente preocupado com os "portugueses e as portuguesas"
- Tentar meter a ridículo o governo e Passos Coelho de uma forma que nada acrescenta ao vulgar insulto velado.
Um homem do "aparelho", um sabujo sempre à espera duma oportunidade, de duvidosa competência e de declarada cumplicidade com o anterior estado das coisas.
Sei que a política é mesmo isto.
Mas Seguro, como muitos outros na política acha que a realidade é uma coisa de "debates". Que as coisas se ganham com "debates". O PC acha que a política é uma coisa de chavões "pacto de agressão", "medidas concretas" etc etc. O BE está-se a ca*****. Só pensa ir ao comício de glória do Syriza.
A ideia não é fazer sair dali nada de produtivo. É simplesmente ganhar o "debate".
Nem que seja com um discurso para estúpidos ou desmemoriados.
O perigo disto é que mesmo quando é preciso fazer alguma coisa, a abordagem é a mesma.
Veja-se bem o que foi a utilização da propaganda durante o Governo PS. Não se fazia, apenas se anunciava. Era a forma de Sócrates "ganhar debates". Anunciava coisas durante os debates. Que muitas das vezes até já tinha anunciado antes.
E isso, com a ajuda dos nossos media imbecilizados e destinados a imbecis era quanto bastava.
Hoje vê-se o grau de preparação escolar dos nossos miúdos, o que aconteceu com o SNS em que se meteu dívida debaixo do tapete que nos rebentou agora na cara e que significa perder qualidade e quantidade, o que aconteceu com sucessivas reformas na lei e medidas casuísticas destinadas a esconder a realidade das pendências nos tribunais etc etc.
A mais drástica de todas estas descobertas foi a de termos percebido que em Março de 2011 não iria haver dinheiro para pagar aos funcionários públicos. Isto enquanto se lançavam projectos para um TGV e um novo Aeroporto. Ou enquanto se davam laptops nas escolas (que estarão hoje completamente destruídos, obsoletos e inúteis).
A propaganda dura um certo tempo. Ganhar debates também dura pouco. Só que Seguro não tem jeito para nenhuma das duas coisas. E o facto de os portugueses não terem uma memória assim tão curta não joga nada a seu favor.
Por esta altura, um ano depois, não seria de esperar que nas sondagens o PSD ainda estivesse na frente. De acordo com os media até está empatado com o PS (curioso conceito de empate, numa situação em que o PSD ainda está 3 pontos à frente).
Fosse Seguro alguma coisa de "substancial" e com todas as medidas gravosas que nos foram impostas neste último ano, o povo português iria decerto responder de forma diferente às sondagens.
O problema do PS é que além de ser um partido de criminosos que ainda hoje se passeiam por aí impunemente, tem um líder que é um zero absoluto. E isso é mortal.
Ele não "debate" assim por questões táticas ou estratégicas.
Ele debate como um atrasado mental porque não consegue mesmo fazer melhor.
Dá para ver, já que não lhe faltaram oportunidades.