Qual é a parte de "não temos dinheiro" que não estão a perceber?

As discussões à volta da nossa crise são constantes e na maior parte dos casos bastante imbecis.
Isso é esperado de gente que discute estes temas sem uma preparação básica para os discutir. Ou porque ignora como as coisas funcionam ou porque é parcial do ponto de vista ideológico ou por pura hipocrisia (espera dos outros aquilo que nunca faria).

Mas entre os nossos políticos as coisas não são melhores. Pensar-se-ia que é apenas por sectarismo ideológico mas na verdade parece ser por desconhecimento e muitas das vezes pela mais pura má fé.

Não é novidade para ninguém que o país foi deixado para "morrer" pelas mãos dos governos de Sócrates. Eles conduziram o país para uma espiral de desbarato de dinheiro que parecia não ter fim.

Com a justificação de que para reavivar a economia era preciso o investimento público, o país endividou-se para fazer coisas marginalmente necessárias que se tivessem sofrido uma apreciação cuidada por um outro prisma nunca teriam sido feitas.

Seria bom perguntar se investimentos como o TGV, Aeroporto, Auto Estradas e afins seriam tão bem aceites se os cidadãos soubessem os juros a pagar pelos empréstimos e rendas das PPP's ao longo de anos.

Como nunca ninguém quis revelar essas contas, o povo português tem muito pouca percepção do que é que lhe vai afectar o bolso e em que medida o vai fazer.

Quase tudo isso se soube depois da saída do PS do Governo. Entre os juros massivos da dívida até às loucas rendas que começaremos a pagar em 2013-2014 existem milhares de milhões de euros que o Estado vai ter de pagar todos os anos.
Do ponto de vista orçamental essas verbas são o maior "ministério" destes país.

É mais ou menos consensual que estamos num ponto em que qualquer tostão a mais em grandes gestos pode significar a ruptura completa do sistema.
Vivemos com dinheiro contado. E uma família que tem 50 euros por semana para comer não traz bife do lombo nem marisco do supermercado.

No entanto há alguns sectores da nossa sociedade que esperam que num estado de quase indigência se continue a viver como antes, ou em casos extremos que se viva ainda melhor.

O brutal abrandamento da economia deve-se objectivamente a um menor consumo interno, amplificado pelo factor receio. Coisa que os Portugueses pareciam não ter até 2011.
Hoje, além do esforço de contenção no consumo, há famílias que estão a poupar ainda alguma coisa. Ou seja, passou-se do comprometimento de ganhos futuros para um estado de poupança presente.
E isso tem um reflexo enorme no comércio e nos serviços. Vai ter no turismo deste verão porque muitos dos portugueses deixaram de ter subsidio de férias.
Como o nosso sector turístico continua a praticar preços como se nada se passasse (ainda conseguem ser mais altos que no ano passado) vão levar uma pancada de proporções épicas durante este verão.

Mas todos estes sectores de actividade em vez de se adaptarem aquilo que tanto apregoam (economia de mercado) esperam sempre nestas alturas que um Estado mais ou menos Socialista venha em sua salvação.

São os construtores civis que parecem esperar que o Estado lhes compre as casas hiper inflaccionadas que não conseguem vender.
É o sector turístico a berrar porque se retirou o subsídio de Férias aos funcionários públicos
É o comércio a berrar porque o consumo foi travado bruscamente.

Esta mentalidade do estado paternalista que tudo deve providenciar vai ao ponto absurdo de ser transportada para o discurso político.

Quando o PS, o PCP e o BE falam de políticas de emprego referem-se a quê? Emprego subsidiado pelo Estado? Forçar as empresas a contratar pessoas?

Não se percebe como é que se pode fomentar o emprego num país em que o desemprego estrutural pode andar por volta dos 10%.
O nosso problema fundamental é que a economia não tem capacidade de absorver todos os desempregados. A indústria como empregadora passou de uma expressão importante nos anos 70 para empregar pouquissima gente. Toda a área de serviços e comércio está a sofrer com o travão do consumo.

Como é que se pode falar de políticas de "emprego" que possam ter expressão no estado actual da economia?
Até agora só ouvi falar em generalidades sobre este tema. Estou para ouvir uma proposta concreta que pudesse de alguma forma reduzir o desemprego e o desemprego jovem em particular. Até agora nada.

As declarações grandiloquentes do PS acerca do emprego e do crescimento são uma patetice que qualquer um de nós poderia dizer. No entanto isso não se espera dum partido que tem aspirações de poder. Ainda estamos para saber como é que Seguro acha que se consegue chegar a esse resultado. Escrevendo num papel?

É que sem dinheiro e com os tostões contados, o Estado português está de mãos completamente atadas. Nem dinheiro há para acorrer às necessidades de muitos sectores da população, quanto mais para fazer bonitos.

Muitas das discussões acabam na pura demagogia de que se devia pagar 500 Euros aos políticos e parvoíces semelhantes. Mas entre os partidos políticos a diferença é apenas uma questão de escala.
Eles sabem bem que nunca terão gente competente a governar o país se pagarem 500 Euros, mas propõem coisas de graus de imbecilidade comparável.
Parece não quererem saber até que ponto o país está enfiado num buraco. E não querem obviamente propor nada que os prejudique. Afinal eles vivem à nossa custa e não são 500 euros por mês.

A coisa vai desde o pedido para aliviar os sacrifícios (à boa maneira portuguesa de nunca querer levar nada até ao fim), outros ficam-se pela mera chicana política em que acusam o governo de ser mais purista que a troika. O PS, meio perdido e sem saber o que dizer dadas as suas totais responsabilidades no descalabro que vivemos, fica-se pela declaração de grandes intenções sem qualquer caminho para a sua concretização. Fica-se apenas pelas palmadinhas nas costas por se ter lembrado que apoiar o "emprego e o crescimento".

A verdade é que a escala da roubalheira neste país tem sido inacreditável durante estes últimos 20 anos.
Foi a destruição de todos os sectores produtivos em troca dos fundos de coesão. Negociação essa levada a cabo pelo "senador" Mário Soares e implementada com brio e total respeito por Cavaco Silva (lembram-se do bom aluno?). Cavaco foi o carrasco numa sentença ditada por Mário Soares. Indústria, agricultura e pescas. Rebentou-se com tudo isso em troca de dinheiro fácil.
É esta múmia apalermada que hoje faz discursos a falar do mar e da agricultura. Eu bem sei qual era o destino que dava a um pepino... Como gesto simbólico de defesa da agricultura e das pescas enfiava-lhe o pepino no rabo e atirava-o ao mar para servir de alimento aos peixes.

Enquanto ia havendo dinheiro o povo não sentia no bolso. Mas quando ele acabou, em vez de roubar os fundos estruturais a corja criminosa que tem regido este país teve que deitar mão de outra coisa - o dinheiro do estado cobrado aos contribuintes.
Eles não deixaram de roubar. Só mudaram o saco de onde roubam. E para ir enchendo esse saco só havia duas hipóteses: ou se carregava no cidadão agora ou se comprometia o dinheiro do cidadão no futuro, contraindo empréstimos. E foi isso que fizeram. São esses empréstimos que temos de pagar.

Aos credores pouco importa quem contraiu o empréstimo. Foi o país que levou o dinheiro, é o país que deve pagar. Se não o fizer fica com a marca de caloteiro, tenha o país na sua maioria cidadãos cumpridores ou não. Os credores são se ralam com esses detalhes.

Deveria ser o Governo a cuidar desses detalhes em nome do povo. Mas não o fez. E não o fez porque na maior parte dos casos havia a clara intenção de retirar dos cofres do Estado para os "amigos", nem que para isso se inventassem obras estapafúrdias e inúteis. Se para roubar 2 milhões é preciso gastar 500 milhões dos cofres do Estado, gastem-se.

Quanto ás razões de não termos dinheiro acho que já estão todas elencadas. Não há gente que não saiba por esta altura para onde foi o dinheiro desbaratado. Mas saber isso não nos resolve o problema.
É como se um doente de cancro ficasse melhor depois de lhe fazerem o diagnóstico.

O problema é a terapia. E é com a terapia que todos berram. Mas não há um jogo da selecção ou um concerto musical neste país onde não se encontrem muitos que gritam contra este governo ou estado de coisas.

O PS e a esquerda estão sempre chocados. Chocam-se com previsões, chocam-se com discursos, chocam-se com tudo.
O governo mostra insensibilidade com o desemprego. Como é que um governo mostra sensibilidade?
Andam os ministros todos com uma cara de quem vai rebentar a chorar? O que raio é essa coisa da sensibilidade? É ter alguém a pedir ajuda a um político e o político responder que "estamos a fazer tudo para resolver problemas como os seus"?

Todos estes merdas do PS quiseram a economia de mercado. Mas a economia de mercado é apenas para quando os lucros são simpáticos.

Eles que enterraram o país mais do que uma vez, andam agora todos sensíveis com tudo e mais alguma coisa. Que pena não terem mostrado essa sensibilidade quando andaram a contrair empréstimos em nosso nome para encher os bolsos aos amigos. São uns hipócritas de merda. É um partido pejado de criminosos comuns.

Deus nos livre de voltarmos a ter gente desta no poder com um primeiro ministro do calibre de Seguro e um lugar tenente do calibre de Zorrinho.

Ainda acredito que este dois palermas vão ser varridos por António Costa. São apenas os idiotas úteis para a reciclagem do PS. Mas é assustador pensar na qualidade dos quadros do PS nos últimos anos.

O mínimo que deviam fazer era assumir as culpas de toda a trampa que fizeram durante anos.
Mas não, limitam-se a tentar fazer-nos acreditar que depois do que eles fizeram havia outra opção que não fosse a de uma austeridade pesada e infelizmente duradoura.