Louçã deve estar a chorar copiosamente

Afinal o Syriza não ganhou.

A distância para o 1º lugar não foi muita, mas foi a suficiente para que a Nova Democracia com o PASOK tenham maioria no parlamento.

O caminho que o Syriza queria traçar só podia ter um destino - miséria.
Nunca a EU iria aceitar um partido com o programa que o Syriza queria seguir à frente de um país completamente endividado e dependente da ajuda externa.
Nenhum credor pode confiar num devedor com o tipo de intenções que eram manifestadas por este partido. O colapso económico da Grécia seria total, rápido e doloroso.

Espantava-me que os Gregos pudessem escolher essa via só porque "estão fartos". Até porque se o Syriza quisesse levar a cabo o que se propunha, esse povo ainda iria ficar "mais farto".


Depois de tudo o que foi dito o Syriza nunca poderia esperar compreensão por parte dos credores. Querer ficar no Euro e ao mesmo tempo querer impor condições a quem empresta é ridículo. Até porque os credores já assumiram as perdas da dívida Grega. Já não têm quase nada a perder.

Durante o ano passado e este ano os principais credores fizeram o writte off da dívida grega, o que no caso português explicou a queda abrupta de lucros em vários dos nossos bancos. E isso não foi feito só por cá. Por toda a Europa as instituições financeiras que detinham dívida Grega já o tinham feito.

O caminho que a Grécia iria trilhar nessas condições seria muito mais penoso do que até aqui.
Já não é só uma questão de desemprego e recessão. Seria também a falta de bens essenciais nas prateleiras dos supermercados. A Grécia iria retroceder dezenas de anos no seu standard de vida. De forma abrupta e irreversível.

Numa reacção ao resultado das eleições, o PCP emitiu um comunicado absurdo qualificando de anti democrático o sistema eleitoral Grego. Isto porque o partido vencedor tem uma bonificação de 50 deputados. Segundo o PCP isso é anti democrático. Para o BE seria democrático.... se o Syriza ganhasse.

A lógica desta gente é simples, como o são aliás quase todas as suas ideias. Se a esquerda é maioritária devia governar. Mesmo que a esquerda não se entenda entre si e mesmo que a constituição diga que deve ser o partido mais votado a formar governo, como acontece por cá.

O partido Comunista Grego teve um resultado ridículo que só encontra paralelo no início do século XX. Tal como os resultados do PCP em Portugal são patéticos tendo em conta aquilo que o PCP diz representar.

Mas não é só por cá. Também em França um tal Mélenchon de extrema esquerda afirma que os operários são de esquerda e depois perde na sua circunscrição para ... Marine Le Pen. No fim acabou por ganhar um candidato socialista, mas a verdade é que Mélenchon nem passou da 1ª volta.

Este grau de alienação da Esquerda parece ser generalizado. E quanto mais extrema é, mais alienada é.
O sucesso do Syriza na Grécia é sem dúvida nenhuma conjuntural. Um povo desesperado faz coisas desesperadas.
Mas mesmo assim algum bom senso impera nas sociedades. Os extremos não são nunca os preferidos a não ser que se esteja no caos.

Mas fala-se agora em ter o Syriza a fazer parte do Governo, apesar de a ND e o PASOK terem a maioria parlamentar.
Seria como ter este nosso governo com alguém do Bloco apenas por uma questão de consenso.
Conseguem imaginar isso? Conseguem imaginar um ministro do Bloco, que provavelmente andou a chamar tudo e alguma coisa aos políticos dos outros partidos, a ter de coexistir e a trabalhar com eles?

Os gregos deviam deixar de consumir ouzo em doses maciças e de uma vez por todas tratar dos problemas da casa. Dar confiança aos parceiros credores e fazer aquilo que deviam ter feito desde que entraram para a Comunidade.
O tempo de fingir que se é um país rico e desenvolvido acabou. Agora é preciso mesmo lutar para que isso seja verdade.