A esquerda utópica e inoperante
E diverti-me a apreciar a forma como Nuno Melo colocou o emérito bloquista numa posição em que começou a debitar generalidades sem conseguir responder ao que lhe pedia Nuno Melo.
A questão era simples.
"vamos imaginar que o Bloco ganha as eleições amanhã, não pode endividar-se nos mercados e tem de manter as suas obrigações. Juros, salários, pensões etc etc. O que fazia o Bloco?"
Tal como eu esperava, a resposta nem sequer chegou a ser dada. Quer o Bloco que o PCP têm a desgraçada mania de dar respostas que pressupõem que coisas que não são realidade, já o fossem. E se não fossem passavam a ser.
Dizia Semedo que o BCE "devia" emprestar dinheiro aos estados. Quando Nuno Melo disse que isso não podia ser porque o Tratado não o permitia, Semedo começou a dizer que se alterava o Tratado.
"Pois, mas o problema tem de ser resolvido já. E alterar um tratado leva pelo menos um ano. Como resolviam o problema já?"
Mais um chorrilho de banalidades. Fingindo não perceber que o Tratado não se muda pela vontade de um país como o nosso, nem no tempo em que é preciso dar resposta às necessidades pungentes do país, Semedo começou a enrolar-se num discurso circular escalando para uma série de chavões ideológicos utópicos.
Nuno Melo continuou dizendo que mesmo que o BCE fizesse aquilo que Semedo dizia, não haveria fundos suficientes para acudir a todos os casos. Quase 200 mil milhões da Grécia, 78 de Portugal, mais uns quantos da Irlanda e agora a Espanha só para a banca perece precisar de 100 mil milhões. Junte-se-lhe o Chipre. Em suma, a esperança patética de Semedo é que nos acuda quem não tem dinheiro para acudir - o BCE.
A cada obstáculo que lhe era colocado, Semedo enredava-se mais e mais num discurso totalmente pensado para fazer esquecer a pergunta. E a sua completa incapacidade de propor uma alternativa válida.
Pensar que gente assim pode um dia ver-se numa posição em que tem de decidir é apavorante. Nunca o fizeram e sempre orientaram o discurso duma determinada forma porque sabem perfeitamente que nunca serão chamados a "por o dinheiro onde põem a boca"
É a laborar neste erro que o BE e o PCP passam o dia com o seu discurso político. A violação da mais básica lógica (ou até aritmética) é a sua base de discussão. Quando postos perante uma situação escolhem soluções impossíveis.
É como se ficássemos sem gasolina a kms da bomba mais próxima e tivéssemos um parvo dentro do carro a dizer que a solução será encontrar com carro eléctrico para completar a viagem que tenha a autonomia necessária. Se lhe perguntássemos onde está o carro eléctrico, começaria a dissertar sobre o lobby das petrolíferas e do grande capital para justificar a ausência do carro eléctrico naquele momento.
É assim o mundo das soluções "concretas" desta gente. A resposta casuística, sem pensar, a todos os episódios com que se deparam, é igual ao modo de funcionamento de um PS ou de um PSD. No fim acaba tudo completamente incoerente, mal pensado e totalmente confuso.
Um bom exemplo disso foram as propostas apresentadas pelo PCP para resolver o problema das famílias que correm o risco de ficar sem casa. Lembro-me destes 3 pontos que ouvi Bernardino Soares dizer durante o debate no Parlamento no dia de hoje.
- Período de carência que pode ir até 4 anos sem pagar
- Renegociação da dívida (entenda-se por isto alargar o prazo e isentar-se de pagar uma parte da mesma)
- Em último caso o banco fica com a casa e a dívida fica saldada.
- Com estas condições será impossível ou insustentável fazer um empréstimo. As condições de risco serão tão elevadas que os spreads e garantias serão impossíveis de cumprir
- Com isto estamos a beneficiar os incumpridores, reduzindo-lhes a dívida, os juros e até o valor da dívida em caso de incumprimento final, em detrimento do tipo que paga abnegadamente que teve o azar de fazer o empréstimo com um spread pior.
Ainda não aprenderam nada com a Espanha?
O grande princípio da recompensa dos incumpridores e do esquecimento dos cumpridores está aqui plasmado como acontece por exemplo no sistema de ensino. Premeiam-se os calões e os indisciplinados colocando em risco todo um sistema de ensino. O mérito deixa de fazer sentido porque se recompensa toda a porcaria que possa existir.
Esta incapacidade per perceber os efeitos colaterais de legislação pensada com o cú é uma característica muito nossa que resulta num corpo legislativo confuso, contraditório e completamente cheio de buracos. A forma de pensar "revolucionária" no seu melhor.
Falar de cor não custa nada. E a esquerda comunista e bloquista não sabe fazer outra coisa. Qualquer dos modelos de sociedade em que se reconhecem resultou em ditadura e décadas de sofrimento para o povo que dizem defender. Só não são ilegais, como por exemplo os partidos de extrema direita em Portugal, porque estão do lado dos "vencedores". Mas se formos ver bem, em países mais avançados nem sequer têm expressão. Só em países com desníveis sociais preocupantes é que conseguem ter algum peso político. O melhor que pode acontecer ao PCP e ao Bloco é que os pobres e os marginalizados nunca se acabem. Sem eles, não podem sobreviver.
Capacidade de concretização - 0%.
Ideias de merda - 50%
Conversa fiada - 50%