A credibilidade das Universidades privadas
As universidades privadas trouxeram a facilidade e o laxismo a muitos cursos com prestígio neste país. Houve outros cursos "inventados" à pressão para garantir uma receita constante de propinas de um conjunto de vitimas seleccionadas.
Parece ser prática corrente a passagem de diplomas a gente metida na política em troca de nada. Ou em troca de eventuais favores.
Armando Vara, Sócrates e agora Relvas, são 3 dos muitos que estão neste rol de licenciados ao abrigo do programa "Velhos oportunistas, Novas oportunidades".
E os cursos que esta gente "faz" são sempre muito "prestigiados", entre os quais se destaca a grande altura o curso de relações Internacionais.
A julgar pelas amostras juntas deviam criar antes um curso de Relações "Pessoais" porque parece que é baseado nisso que estes diplomas imprestáveis são dados aos nossos dignitários políticos.
Saber uma coisa destas de quem quer que seja é o necessário para perder o respeito pelo personagem e lea instituição envolvida. E desde há muito tempo que não tinha qualquer respeito por estas instituições, com a notável excepção da Universidade Católica. Não tinha Miguel Relvas em grande conta, apesar de achar que houve um aproveitamento completamente desproporcionado do caso do SMS do espião ou dos email com os clippings. Quanto ás pressões sobre jornalistas nada me admira. Acho-o perfeitamente capaz de o fazer. Acho que se não o fez agora já o fez noutras alturas e acho ainda que não está sózinho no grupo que faz isso.
Mas adiante.
Estas universidades privadas mais não são do que um negócio chorudo para os seus donos e uma forma de trocar licenciaturas por favores futuros com os membros da nossa classe política.
Até ver um político com um diploma de uma Universidade pública prestigiada pensarei sempre que, tal como Relvas Vara ou Sócrates, o terá trocado por qualquer coisa. Ou que o terá recebido porque todo o staff académico da Universidade decidiu que era boa ideia dar um diploma a um qualquer personagem importante. Na verdade a sua formação académica não serve sequer para limpar ao cu.
Da mesma forma, a profusão de mestrados em "merda nenhuma" ministrados por estas Universidades em troca de um valor respeitável em propinas, parecem ser uma forma de alguém se distinguir entre uma multidão de licenciados na qual não se percebe quais o são por direito próprio com esforço e uma boa classificação e os que fizeram "cursinhos" num ano porque eram muito experientes profissionalmente.
O que está em causa não é o facto de um político precisar de ser um licenciado. Muitos há que não o são e são bem mais competentes do que gente cheia de títulos. O problema é esta gente sabe que tem um título "falso" e usa-o para se guindar a posições a que não teria acesso de outra forma.
Veja-se Sócrates como Engenheiro na Câmara da Guarda, a assinar projectos de estabilidade ou Vara a aceder a lugares de administração para os quais é requerido o grau de licenciado.
Quanto a Relvas não sei se já acedeu a lugares em que a licenciatura era um requisito, mas no lugar em que está não creio que seja. Mas estou absolutamente seguro que já terá usado o seu título académico bastas vezes. Título a que certamente não teria direito se fosse um zé ninguém.
Seja como for é feio, é desonesto e do ponto de vista da autorização desta Universidade para ministrar educação superior devia ser o suficiente para perder a licença para o fazer.
Um diploma universitário não pode ser vendido assim. Um diploma assim é igual às notas de Alves dos Reis. São feitas no sítio certo, mas são falsas.
A universidade pode agora dar as justificações que quiser, mesmo a da experiência profissional. Não valem de nada, como já pouco valiam estes cursos manhosos que dão acesso directo ao desemprego. A menos que se seja alguém bem colocado na estrutura política, bem entendido.
O que começa a ficar evidente e que já era falado à boca cheia mesmo nos meios académicos os diplomas de um grande número de Universidades privadas não valem o papel onde estão escritos.
É a descredibilização completa dum sem número de Universidades que deviam, à semelhança do que aconteceu com a Independente, ver as suas licenciaturas deixar de ter reconhecimento pelo ministério da Educação.
Este tipo de coisas é completamente inaceitável e é uma das razões que leva muitos empregadores a perguntar onde a licenciatura foi feita e a distinguir entre candidatos a um lugar com base no estabelecimento de ensino onde se formaram.
Ao fazer isto estas universidades deitam pelo chão todo o esforço dos alunos que nela se licenciaram com mais ou menos mérito. A mensagem que estão a enviar ao mercado de trabalho é: "Desconfiem dos nossos diplomas. Nós vendemos esta "merda" em troca de qualquer coisa que valha a pena."