500 a 700 parvos. Se forem só estes estamos bem...
Relvas devia demitir-se. Porquê?
Porque um governo que se diz sério não pode ter no seu seio um Ministro que SABE que a sua licenciatura não é mais que uma fantochada.
Relvas sabe, tal como todos nós, que apesar do diploma ter cobertura legal não passa dum documento forjado por uma entidade que devia ser séria e rigorosa.
E aceitou-o. Aceitou algo que sabe que não tem qualquer validade porque sabia que um título académico lhe daria a respeitabilidade que não teria sem ele.
É triste constatar que num país em que se dá mais valor a títulos vazios do que ao verdadeiro saber, há gente que os aceita e tenta obtê-los em vez de orgulhosamente e de cabeça erguida impor o mérito das sua ideias e do seu trabalho.
Ao ceder a esta tentação, Relvas mostra o pouco digno que é. Mesmo que nós não soubéssemos que o diploma é uma fraude, ele sabia-o. E para evitar embaraços ao Governo, suficientemente debaixo de fogo, a única coisa a fazer é sair.
Não o pode fazer agora para não dar ideia que cede à "rua". Para não conceder a vitória a uma esquerda pseudo moralista e cheia de rectidão que nunca abriu a boca perante a fraude que é a formação de Sócrates.
Deixe passar o Verão e saia.
Há no entanto uma face de tudo isto que me causa particular nojo. A esquerda nunca viu com bons olhos o processo democrático quando ele não lhe dá a vitória. Acha-se imbuida duma legitimidade superior ao voto. Acredita que o mérito das suas ideias só não é plebiscitado maioritariamente porque o povo não "percebe".
E dedica-se a manifestações sob todas as formas e feitios e com todos os pretextos se isso puder causar desgaste a quem ganhou nas urnas a votação da maioria.
Uma oportunidade como a de Relvas é pretexto para manifestações, vaias, ajuntamentos em qualquer sítio e com qualquer alvo.
Porventura a mais imbecil de todas foi a manif convocada pelo Facebook para exigir a demissão de Relvas. Como se qualquer dos que convocam ou se manifestam estivessem acima de toda a podridão que o sistema universitário privado causou.
Desde os movimentos dos indignados à geração à rasca há um sem fim de gente cheia de títulos que não teve nota para entrar numa Universidade com prestígio. Normalmente pública. Ficou-se por cursinhos de trampa tirados em troca do pagamento de propinas que que mais não foi que uma formação superior em "desemprego".
Armados destes diplomas patéticos e de teses de mestrado de chorar a rir, acha-se no direito de recusar trabalho abaixo da sua condição de "altamente formado". Dizem coisas como "na minha Universidade o curso de ... era muito melhor que na estatal" numa vã tentativa de se convencerem que foram para aquele curso por uma questão de escolha.
Muitos deles adorariam ter um diploma forjado como Relvas. Dariam um braço para fazer uma licenciatura num ano. O facto de muitos terem uma licenciatura assim sem sequer saber articular uma frase ou expor uma ideia aproxima-os de Relvas mais do que possam imaginar. E é gente desta que grita pela demissão de Relvas. Outros haverá que não merecem estes qualificativos que acabo de proferir e para eles as minhas desculpas. Mas a maioria dos indignados e dos irritados, seriam num país qualquer civilizado, detentores de um diploma de bacherelato na melhor das hipóteses.
Esta sanha moralizadora peca por um pequeno detalhe. Sócrates e a sua pandilha de iletrados ladrões esteve no poder durante 6 anos. Desbaratou e queimou dinheiro como se não houvesse amanhã. Ninguém, da direita à esquerda se atreveu a convocar manifestações por causa da sua óbvia formação fraudulenta. Que usou para exercer cargos de engenheiro numa Câmara Municipal. Que falsamente declarou nas habilitações que declarou na Assembleia da República. Não me lembro de nenhum palhaço da esquerda chique a comentar as mais que macabra formação de um dos mais incompetentes governantes que já tivemos neste país. Atrevem-se agora, falsamente recusando comentar o assunto, a trazer para a praça pública este tipo de manifestações e "descontentamento".
Não há nenhum partido com aspirações ao poder, seja ele central ou local, que não esteja pejado de gente como Relvas. Afinal, os medíocres sempre foram os que se meteram na política. Sabiam que passados uns anos poderiam ter acesso a lugares que a sua competência ou formação nunca lhes permitiriam.
São uma espécie de prostitutas púdicas. A esquerda indigna-se com os pecadilhos dos outros sem nunca olhar para si e perceber que está cheia de arrivistas e aproveitadores.
Os partidos políticos mais não são que incubadoras de medíocres. Hoje não ser medíocre e não aceitar certas contorsões à ética e à honestidade garante uma vida partidária sem brilho nem glória.
Gostava de ter visto a Esquerda exigir o julgamento de Sócrates, Lino, Silva Pereira e Teixeira dos Santos, Paulo Campos. Ficam-se pelas palavras de "condenação". Gostava de ver a esquerda gritar pela demissão de um deputado envolvido em escândalos que rouba dois gravadores. Gostava de ver a esquerda manifestar-se por toda a javardice que teve lugar neste país durante 6 anos.
Mas não se manifesta contra as causas. Manifesta-se contra os efeitos.
Como é que achavam que se pagava toda a merda que Sócrates e os seus sequazes fizeram? Com boa vontade?
Se a CGTP, o PCP e o BE por uma vez na vida se empenhassem em tirar este país do buraco talvez ficassem rapidamente sem o exército de acéfalos que tão facilmente conseguem arregimentar. Que a julgar pelas amostras juntas ou não têm nada que fazer em horário normal de trabalho ou fazem parte dos 15% de desempregados deste país.
É que as pessoas que trabalham para assegurar o sustento das suas famílias, a saúde, a educação dos filhos, apesar de serem sugados com impostos até ao tutano para pagar esses direitos para os outros, não têm tempo para estar uma tarde a fazer figura de parvos com cartazes a pedir a demissão de um ministro que tem um diploma da treta. Não têm nada que fazer? Voluntariado? Não estamos num estado de emergência social em que toda a ajuda é pouca? Pois aí têm uma ocupação digna de mérito.
E diria exactamente o mesmo se uma cambada de acéfalos desocupados se entretivesse a convocar manifs pelo facebook para fazer o mesmo com Sócrates.
Não é assim que se moraliza o sistema político. Não é com movimentos patéticos de "cidadania" que se mudam as coisas. É um estado de espírito. É não pactuar com o arranjinho mesmo que se saia beneficiado. É ter a decência de aceitar uma multa de excesso de velocidade quando se vai acima do limite sem desculpas da treta. Ou melhor ainda, não passar esse limite. O que nos faz falta é gente com sentido de honra em cada minuto da sua vida. É gente que pratica aquilo que exige dos outros. E neste caso, e conhecendo a forma de pensar "nacional" tenho a absoluta certeza de que isso não acontece.