Um pulha

É a classificação mais suave com que posso presentear Mário Soares.

Este papa da república, sobejamente habituado a uma vida em que "alguém" lhe paga os desmandos tem andado numa azáfama louca a bombardear este governo de cada vez que acontece alguma coisa.

De todos talvez o que menos possa criticar as medidas deste governo é ele. E por duas razões muito simples.

Ele disse coisas totalmente idênticas aos portugueses quando foi 1º ministro com uma intervenção do FMI. EXACTAMENTE iguais.
Em segundo lugar porque é talvez o melhor exemplo de alguém que vive às custas do país desde o 25 de Abril. Desde o dia em que os detentores de cargos políticos começaram a legislar no sentido de assegurar o seu futuro.

Note-se que aquilo a que ele chama o exílio foi uma situação bem mais confortável do que a da maioria  do seus concidadãos que por essa altura ia para França a salto para conseguir sobreviver.


Entre ele e Alegre, o poeta inútil, criaram uma história de luta, exílio e sacrifício que muito dificilmente corresponde à verdade.

A sorte grande saiu-lhe com o 25 de Abril. Sem ele seria impossível uma pessoa da sua craveira como advogado ser alguma coisa de relevante na vida.
Soares passou a viver do Estado.
E levou isso a um patamar que poucos conseguiram. Foi eleito para 1º ministro, presidente da república (onde deu guarida ao desprezível sobrinho Alfredo Barroso e a um sem fim de correligionários) e finalmente numa fundação que recebe dinheiro do Estado português há um ror de anos.

Como se não bastasse, a esposa também tinha a sua fundação que recebia dinheiros do Estado. Claro está, nenhum dos governos socialistas alguma vez cortaria esses fundos. Este reduziu-os. Não consigo perceber quais os critérios para não se terminar com isso pura e simplesmente.

Durante o período Sócrates, Soares permaneceu calado. Ou até o apoiou. Afinal ele queria outro mandato como presidente e a ânsia pelo lugar até fez com que desse de barato ser humilhado na votação.
Já tinha sido um "activo" deputado Europeu (não há memória de nada que tenha feito no PE).

Soares é o exemplo perfeito de como se pode viver 40 anos sem fazer nada a não ser viver da glória passada. E glória essa altamente discutível.

Não sei se foi por causa de lhe terem ido às verbas da fundação ou não, mas de há uns dias para cá Soares não se cala. É uma espécie de "emplastro" a quem metem um microfone na mão e não se cala.

Tenho muitas dúvidas da seriedade e pertinência das critícas de Soares. Não é em alguém que vê os seus interesses pessoais afectados que se pode confiar para obter uma opinião isenta. Aliás, Soares nunca o seria fosse em que circunstância fosse. Soares tem um interesse - ele. Começa nele e acaba nele.  Esta visão egocêntrica do mundo é muito evidente quando o ouvimos falar sobre qualquer assunto como se fosse a verdade última acerca do tema.
Soares fala de grandes estadistas como se estivesse entre eles. Soares foi um lacaio de todos os interesses. Menos do país.

Soares é um péssimo exemplo de rectidão e ética. É mesmo um péssimo exemplo.

Soares é um pulha na mais verdadeira acepção da palavra. Mas que seja pulha à vontade sem se aproveitar da coisa pública. E isso parece que lhe custa.
Pelo que os nossos impostos têm pago do seu faustoso nível de vida mais valia tentar passar despercebido até morrer. Mas não o faz. E não o faz porque há sempre um qualquer jornalista imbecil a ir-lhe perguntar o que ele "acha" da situação.

Pois eu acho que Soares é um pulha. Começou por sê-lo em 1975 e nunca mais parou.