Estou indignado, sinto-me insultado... raios, bolas

Há duas grandes maneiras de encarar a realidade.
Uma é a de perceber que há determinadas coisas que não têm remédio ou que não temos a capacidade de as mudar.
A outra é a de negar a realidade e propor versões alternativas de forma constante.

Existe um conflito óbvio entre estas duas formas de pensar. Uns chamam idealistas aos outros e recebem em troca o epíteto de conformados.

Algures pelo meio deve estar a virtude. Mas é uma coisa muito difícil de conseguir. E às vezes não se consegue mesmo.

Por razões que são óbvias é menos provável vermos alguém do primeiro grupo a manifestar-se publicamente. Não por concordarem ou estarem satisfeitos com a situação, mas apenas por terem a noção de que há certas coisas que não mudam mesmo por muito que se fale delas.

O caso mais recente da constante vaga de indignações que vamos tendo é o caso de Isabel Jonet.

Se há alguém que sabe em primeira mão o que é ser solidário e ajudar os outros é sem dúvida ela. O Banco Alimentar faz um serviço por quem precisa que não é comparável em escala a mais nada que exista neste país.
É serio, organizado e mobilizado. E consegue resultados a nível nacional que demonstram bem que o povo português se sabe mobilizar por causas.

Ora Isabel Jonet disse algo que não é novidade para muita gente. E não é novidade porque muitos já fazem exactamente aquilo que ela disse. Passaram a ajustar o seu standard de vida em função das disponibilidades.
Deixaram de gastar em coisas não prioritárias privilegiando a poupança, alguns, ou simplesmente ajustando a despesa à receita. Aquilo que o nosso próprio Estado nunca fez.

É por isso que quando vejo isto "Isabel Jonet acusada de usar a fome como arma política" como titulo de uma notícia do Público fico triste. Fico triste porque sei que Isabel Jonet merecia melhor. Porque independentemente do que diz ou da forma como o diz não merece este tipo de tratamento.

Por um lado temos uma pessoas como Soares a dizer o maior chorrilho de disparates de que há memória sem qualquer reacção desta corja politicamente correcta e por outro temos este tipo de reacções absurdas apenas por se dizer algum que é do mais básico senso comum.

A sopa em que mergulhou a polémica tem como principal ingrediente o facto de Jonet ter afirmado que “os portugueses vivem muito acima das possibilidades” e que, por isso, vão ter que “aprender a viver com menos”. “Vamos ter que empobrecer muito, vamos ter que viver mais pobres”, disse, em conclusão, a presidente do Banco Alimentar (BA), na quarta-feira em directo no programa Última Edição, na SIC Notícias, onde se debatiam as causas e consequências da actual situação de crise generalizada.

As reacções de indignação multiplicaram-se logo nas redes sociais e, numa carta aberta publicada nesta quinta-feira na Internet pelo Movimento Sem Emprego, Jonet é acusada de proferir “insultos”, “declarações aviltantes” e de “mascarar de caridade o saque que estão a fazer às nossas vidas”.

Redigido em tom agressivo e desafiador, o documento dirige-se à responsável pelo BA dizendo que “o tamanho dos seus disparates não abafa os murmúrios da pobreza e miséria”. Assumindo-se como a voz do “milhão e meio de desempregados”, diz ainda que “o tempo não é de substituir o ‘Estado Social’ pelo ‘Estado de Caridade’, mas de pelo menos ter tanto cuidado com os pobres como com aquilo que se diz”.

Contactada pelo PÚBLICO, Isabel Jonet disse não querer fazer qualquer comentário sobre a polémica suscitada pelas suas afirmações, deixando entender que a questão poderá ser devidamente enquadrada e esclarecida no âmbito duma próxima campanha para a recolha de alimentos.

Nesta quinta-feira foi também lançada na Internet uma petição para “a demissão imediata de Isabel Jonet do cargo da presidência do Banco Alimentar Contra a Fome”. O pedido é justificado por as suas declarações constituírem “uma enorme falta de respeito para com os cidadãos pobres deste país”, cuja situação de desespero “não se coaduma com as políticas de um Estado caritativo” que Jonet é acusada de defender.

Além das questões de substância, a carta aberta assume também um tom de violento ataque pessoal à presidente do BA. “Sabemos que olha para os pobres com desdenho, nojo, pena. Sabemos que na hora de fazer a contabilidade aquilo que a move é a sua canja, o seu ceviche, não o caldo dos outros”, diz o texto, sublinhando que “o mundo de Jonet é o mundo da classe dominante, do privilégio, da riqueza (...), dos esterótipos que ajudam a lavar o sangue que lhe escorre das unhas”.

A carta terá sido redigida pela historiadora Raquel Varela, autora do estudo “Quem Paga o Estado Social em Portugal”, que em declarações à TSF se mostrou “incrédula” e “indignada”, acusando mesmo a presidente do BA de “usar a fome como arma política e promover o retrocesso social”.

É óbvio que o que está a fazer é actividade política”, afirmou. No seu entender, “a fome é um pesadelo que não pode ser usado” e o acesso a mantimentos de qualidade “não é distribuir pacotes de açúcar e arroz”. Até porque, frisou, “temos hoje um padrão histórico novo, com pobres gordos e ricos elegantes, justamente porque a fome não é só uma questão calórica”. Ou seja, a diferença entre a canja e o caldo.
Vamos então começar. Esta imbecil insultuosa que dá pelo nome de Raquel Varela é obviamente alguém engajado politicamente da área da extrema esquerda. O que torna mais interessante a afirmação por si proferida: "é óbvio que o que está a fazer é actividade política".

Tenho a absoluta certeza que a relevância para a sociedade de Isabel Jonet e da sua obra é incomparavelmente maior que a de Raquel Varela.
Independentemente do que Isabel Jonet possa dizer ou não, e concordo com muitas das coisas que ela diz apenas pela constatação da realidade, a sua obra fala por si. A sua capacidade de mobilização é ímpar.
Por outro lado Raquel Varela é na melhor das hipóteses sectária na sua visão da história e do mundo. Podemos chegar mesmo ao extremo de dizer que por muitos doutoramentos que tenha parece não passar duma alienada preconceituosa ao ponto de escrever coisas como "lavar o sangue que lhe escorre das unhas": A Raquel Varela escorre-lhe a merda da boca. A merda em que provavelmente chafurda e da qual se alimenta.
Há hoje a mania de esconder atrás do título académico (historiador, investigador, etc) uma agenda carregada politicamente que parece conferir legitimidade e imunidade a esta corja de idiotas, que nada tem a ver com uma apreciação isenta dos factos ou sequer da realidade.

O facto de alguém ter vindo de famílias endinheiradas não menoriza aquilo que faz pelos outros.
É preferível isso a esperar que os outros façam alguma coisa como parece ser o caso desta gente para quem a acção se resume a falar, ficar indignado e ganhar "debates"
Hoje no governo Sombra da TSF alguém dizia isto:
Se alguém der comida a um faminto só para aparecer ao público como uma alma caridosa, isso pode ser condenável moralmente, mas o facto de o pobre ter deixado de ter fome é OBJECTIVAMENTE uma coisa boa, independentemente das razões pelas quais isso aconteceu.
E é por isso que vemos a direita católica a ajudar quem precisa no bairro da lata quando é preciso e não vemos os activistas da extrema esquerda a fazê-lo.
Porque eles acham sempre que o problema é algo que deve ser resolvido pelo estado e como tal temos de mudar o estado. Se no entretanto morrerem umas quantas pessoas à fome antes dessa mudança do estado acaba por ser um problema de menor importância. Caridade é maldita. Ajudar o próximo é sintoma duma praga social.
O país está mal e isso ajuda estas pessoas solidárias e caridosas a "parecer bem" perante a opinião pública, logo a miséria e a fome são desejáveis para estas pessoas.

A extrema esquerda é que não grassa nos meios sem miséria.
Não há nada de mais baixo do que aproveitar-se da miséria alheia para fins políticos. Apelando apenas aos instintos mais baixos das pessoas ou apenas aproveitando o seu estado de necessidade.
Curiosamente a extrema esquerda nem nesses meios consegue adeptos.
A extrema esquerda não ganha eleições. Anseia por revoluções que quando acontecem conseguem tornar TODA a gente miserável.

No nosso país a extrema esquerda é chique, é "pensante" e francamente incapaz de fazer o que quer que seja. Ficam-se pela discussão estéril em vez da acção prática. Aliás quase todos os ideólogos da esquerda e extrema esquerda se caracterizam por vidas confortáveis, diletantes em que têm tempo para pensar em "novas sociedades" mais justas. Nas quais eles têm sempre um papel de linha da frente, de liderança. Com todos os privilégios que isso significa
E como que a confirmar este estereótipo (sim é um estereótipo) aí temos uma doutorada em História da extrema esquerda...

O mínimo que se pode dizer da carta de Raquel Varela é que ela revela que a autora é uma besta.
As afirmações são completamente desproporcionadas, insultuosas e revelam bem a mania que este tipo de cretinos tem de colocar intenções nas palavras dos outros, ao ponto de acharem que sabem o que os outros pensam. Este tipo de tom acusatório é tão típico da extrema esquerda que são lendários os julgamentos fantoche realizados nos países sob as garras de gente assim.

Julgam-se intenções (especulativas) acusam-se pessoas de serem isto ou aquilo por uma qualquer razão. Normalmente por questões de mero desacordo. É o tipo de gente que "adora" ser contrariada.

Ao ler a carta de Raquel Varela a única coisa que me ocorre pensar é: Isto é uma doutorada em História que os meus impostos ajudaram a formar?
É isto a academia? São estas as pessoas que ensinam os nossos filhos na Universidade?
Que têm este tipo de visão preconceituosa dos outros ? ("Sabemos que olha para os pobres com desdenho, nojo, pena. Sabemos que na hora de fazer a contabilidade aquilo que a move é a sua canja, o seu ceviche, não o caldo dos outros")

Aí temos mais uma burguesa wannabe da esquerda chique fotografada com o seu ar burguês e o seu colarzinho de pérolas para juntar a mais um sem fim de desocupados que militam na extrema esquerda "moderna".
Mas não subestimemos este tipo de pessoas. Numa conjuntura favorável tornam-se capazes de fazer as coisas mais inacreditáveis. A eliminação fisíca, tortura e outras delícias do cardápio não lhes são alheias. Destilam ódio pelos outros absolutamente seguros do mérito das suas ideias.

Se algumas das coisas que IJ disse podem ser tidas como menos felizes (e ninguém gosta de ouvir algumas verdades) a resposta de Raquel Varela não é sequer da mesma liga. É puro vitríolo. Duma pessoa que parece assomar ao mundo pelas piores razões.

A triste realidade é que a realidade não tem duas versões. Na situação de desgraça económica do país não há outra solução que não seja viver com menos. Isso é inevitável quando o que entra nos orçamentos familiares é menos. Podem os esquerdoídes gritar, bufar e chorar baba e ranho.
Até as coisas melhorarem temos mesmo de viver com menos. Quando vão melhorar? Pois não sabemos. Vão melhorar até onde tinham estado? Dificilmente. Nunca nos próximos 10 anos.

A organização de Isabel Jonet já ajuda milhares a ter COMIDA. Coisa que esta Raquel Varela e toda a corja de reclamantes não faz. Quantos destes desempregados vociferantes vão oferecer os seus serviços como voluntários a instituições como esta? Quantos? Quantos se vão oferecer como voluntários ao banco alimentar para os dias de recolha?
A Raquel Varela de certeza que não. Deve preferir beberricar um latte ou um cappucino num sitio qualquer da moda enquanto folheia um escrito de Bakunin. Entre Raquel Varela e uma pazada de esterco... prefiro a pazada de esterco. Sempre serve para por no canteiro das flores.

Ora metam a indignação naquele sítio...