O que é ser jornalista? Sim, o que é?

Talvez seja impossível encontrar um jornalista português que me saiba responder a isto.

Mas há uma coisa que eu pelo menos sei: Sei o que NÃO deve ser um jornalista.

Estamos cansados das piadinhas "pessoais" dos jornalistas de TV, das contorsões absurdas dos jornalistas da imprensa escrita e da destruição da factualidade por força da incapacidade que os jornalistas têm de se manter como espectadores frios e isentos daquilo que relatam.

Dois casos claros hoje num mesmo canal de televisão. A SIC Notícias.

Passado o tornado do Algarve e o aproveitamento da desgraça alheia para encher tempo de televisão começou a tentativa de culpabilização de alguém.

1º Culpado - A Protecção Civil. O INMG teria avisado a protecção civil de ocorrência de ventos fortes e chuva intensa naquela zona e o aviso foi afixado na página Web da Protecçaõ Civil.
Uma jornalista (mais uma daquelas certamente com um cursinho de comunicação Social) prontamente perguntou ao entrevistado se ele chava que isso bastava. A maior parte das pessoas não vai ver a página.
A resposta reduzui-a ao silêncio. A PC envia comunicados (com o mesmo conteúdo que está na página) para a comunicação social publicar ou anunciar nas TV's e rádios.
De uma penada transferiu a responsabilidade para a comunicação Social. Masa falta de vergonha do tom acusatório não ficou por aí. Logo a seguir mostram a página da PC em que diz "apenas" ventos "muito fortes". Ou seja, não fala de tornados. Não estranho nada ter sido a comunidade científica a criticar a condenação dos cientistas italianos sem grande eco na imprensa. Estes palhaços veriam com bons olhos a condenação de toda a gente desde o INMG até à PC.

2º Culpado - O Ministro da Administração Interna.
Este caso ainda é mais verminoso. Interrogado sobre o tema Passoc Coelho lamentou "não ser possível" o ministro dar mais detalhes acerca da situação. Talvez por não os ter à data das perguntas ou talvez porque não é o ministro que tem de sair para a rua inventariar os danos e conbabilizá-los en Euros e sacar do livro de cheques de forma imediata.

Mas a notícia foi dada de outra forma. E por aqui se vê o que vai na cabeça destes jornalistas e redatores: Merda.

A notícia dizia que Passos Coelho LAMENTAVA que o ministro não tivesse dado mais detalhes. A diferença é subtil mas enorme e denota que há uma intenção na omissão das palavras "que não tivesse sido possível"..

Fazer jornalismo assim não é sério. Não é honesto. Tal como não o era o período de graça de que dispôs Sócrates durante anos. Só no fim do seu "reinado" e já em completa decadência (com um desastre anunciado" alguns se atreveram a por o dedo na ferida.
Para rapidamente se constituírem como oposição ao seu sucessor no cargo.

É por estas e por outras que não me admiro da crise na comunicação social. As manipulações o facciosismo e a falta de profissionalismo que a comunicação manifesta na sua genaralidade levam a que muita gente não dê um passo nem gaste um Euro para comprar um jornal.

Alinharem-se escandalosamente com quem arruinou o país ou ter uma linha editorial titubeante ao sabor das simpatias de qualquer idiota a quem põem um microfone na mão, dá nisto. Total perda de credibilidade e consequente quebra de vendas na imprensa escrita.
Não vejo o dia em que o Público feche portas ou o dia em que Balsemão tenha de vendar a sua arruinada operação de comunicação social. Fizeram tudo para o merecer. Que não demore muito.