NO U TURN

O secretário-geral do PS, António José Seguro, aproveitou a reunião da comissão política do PS desta segunda-feira à noite para apresentar o partido como “reformista” mas não como liquidatário do Estado Social.
Como todos os merdas sem espinha dorsal, Seguro não desaponta.

Posso ser eu o único a  detectar subtilezas semânticas nas afirmações, mas detecto.
A 1ª posição foi: Ficamos de fora e estamos contra.
Esta é muito diferente da primeira. E fala em "reforma" por oposição a liquidação como se a liquidação fosse tout court o que o Governo se propõe fazer.

Não acredito que assim seja. Se fosse não era preciso trazer consultores e perder tempo em reuniões. Liquidava-se a já estava.

Ao ver ontem no prós e contras a triste esquerda com Bernardino Soares e Heloísa Apolónia (alguém devia cortar na cafeína desta fulana) com as suas certezas de que vai haver roubos, negociatas e descalabro, a única possibilidade de termos um Estado moderno e eficiente é claramente um consenso das força que não os incluam.

Não há qualquer hipótese de discussão construtiva com gente delirante, com os pés numa realidade alternativa e completamente alheia à desgraça que é a visão socializante e comunizante duma sociedade. A destruição completa.

Podem por as suas peles de cordeiro e falar dos pobrezinhos, mas a verdade é que as suas ideias brilhantes raramente pensam nos efeitos colaterais. Falam da banca como um inimigo mas esquecem-se que com uma banca falida e ineficaz ficamos na mesma. Não se lembram do que resultou a nacionalização selvagem da banca? Juros de 30%? Economia estagnada e dois planos de ajuda do FMI pelas mãos de Mário Soares?

O PS não sabe o que quer. Nunca soube. Não tem realmente um rumo para o país e faz as coisas numa espécie de competição acéfala por votos.
Toma decisões completamente imbecis, repete-as e espera resultados em condições.

Ao ler este artigo no blog PPP Lusofonia é bem evidente esse drive político sem travão, sem consciência e totalmente alheio às consequências. O PS sempre foi assim. Sempre foi o partido refúgio dos que não achavam ser comunistas no pós 25 de Abril mas tinham vergonha de ser do PPD.
Nele se juntou muito maoista reciclado e muito oportunista que rapidamente percebeu que mais vale militar num partido que pode aceder ao poder com regularidade.

Aquilo que Seguro quer fazer (Reformar) só pode ser para acabar com a bandalheira generalizada de gastos não orçamentados, ineficiências absurdas e injustificadas. Algo que desde Cavaco Silva (e com ele) se tem feito neste cantinho miserável da Península Ibérica.

Governo admite extinguir empresas públicas deficitárias
Ministro das Finanças terá mais controlo sobre as empresas do Estado
A lei do Sector Empresarial do Estado, que o Governo submeteu na sexta-feira ao Parlamento, abre a porta à extinção de empresas públicas que acumulem resultados negativos durante três anos.
 Isto é reformar o Estado. Isto é acabar com os sorvedouros de milhões que existem por todo o país. A rede de empresas deficitárias sem propósito que não seja proporcionar lugares de chefia para gente incapaz. A rede de empresas municipais criadas exclusivamente para criar lugares de administração fora das regras da contratação pública.

Vai ficar muita gente desempregada. Ah pois vai. Mas facilmente se pode integrar quem realmente trabalha nestas empresas nos quadros autárquicos e eliminar os cargos de chefia supérfluos e colocando a tutela em serviços camarários.
Só isto significaria uma poupança enorme num ano.

Mas quando o PS vê este tipo de coisas vê algo que o cidadão não vê. Vê a garrafa meio vazia. Os lugares (aos milhares) de confiança política que estas empresas asseguram desaparecerão. Para eles e para os outros.

Note-se que nestes lugares estará muito fulano do PSD. Ter o Governo a fazer isto é um sinal de claro desprendimento e do reconhecimento que há coisas que não podem continuar.
O PS nunca faria isto. Faria o contrário, como o fez abundantemente. Criou uma estrutura paralela ao Estado.
A mentalidade está tão arreigada que António Costa na CML criou lugares de assessores que duplicam efectivamente as funções de funcionários da câmara. Substituiu funcionários de carreira por contratados rosa.

E quem diz este potencial candidato a 1º ministro diz centenas deles por esse país fora.

Para eles uma reforma que acabe com isto é a liquidação do "seu" Estado Social. E isso é para já a única coisa que lhes resta.

Seguro sabe que se ficar de fora se torna irrelevante. Sabe que se o governo começar a atalhar neste tipo de coisas verá a sua taxa de aprovação subir. Afinal o que as pessoas criticam é a lentidão. Se for feito alguns dirão que foi tarde de mais, mas outros regressarão à esperança de ver um Governo do PSD fazer realmente aquilo que o povo lhe pediu para fazer.

O PS está numa posição crítica. Não pode dizer que sim a tudo nem pode dizer que não a tudo. o PS sabe que foi durante a sua gestão e 1 mandato e meio, que o país foi atirado para a ruína.
Se a reforma do Estado tem começado em 2006 não estaríamos hoje a deitar mão de medidas deste calibre.
O PS não tem fuga possível. E nem podia ter. o PS é o ladrão apanhado em flagrante. Não pode simplesmente dizer que estava a tirar o pó às notas.

Se as soluções do PS fossem plausíveis, talvez tivesse um hipótese. Mas as soluções ou são uma palermice pegada ou são como as do Bloco e do PCP : "temos de fazer com que o BCE empreste aos países a 0.75% como faz com a banca"

E quem é que força o BCE a fazer isto? Portugal, Grécia e Irlanda por oposição à posição da Alemanha e dos próprios estatutos do BCE?
E se os estatutos forem mudados quanto tempo é que isso leva a fazer? 1 ano?

As soluções vão desde o impossível passando pelo pouco provável e acabam no patético.

O que o PS fez foi fazer a maior quantidade de merda que conseguiu e depois... esperar o melhor.

Um alemão da Baixa Saxónia vive bem com a nossa austeridade. Como a maior parte de nós olha para a Etiópia, fica triste e depois muda de canal.
Se não fizermos por nós, não é um movimento de massas na Alemanha que nos vai salvar. E nós pela mão do PS e da Esquerda demente não fizemos nada por nós.

O Bloco e o PCP votaram as maiores tropelias e os maiores delírios do PS. Temos hoje por incrível que possa parecer o Bloco e o PS a defender sectores "malditos " da economia como seja por exemplo a construção civil.
Que o PS afirma poder retomar!! A fazer o quê? Mais casas para juntar aos milhares de casas novas devolutas há mais de 5 anos? Mas quem seria o promotor estúpido a ponto de se por agora a fazer mais habitação quando os stocks que temos chegam para 20 anos?

A esquerda chique (croquete+canapé) vive completamente distante da realidade. Vive no seu mundo académico com salários simpáticos a fazer "investigação". A "historiar".
O PCP vive numa realidade que nunca existiu. Num período glorificado "dos trabalhadores" e da "luta" do pós 25 de Abril. Que conseguiu agarrar um país viável (ainda que atrasado) em 1974 e o arruinou em 4 anos.

Estamos num ponto de não retorno. Mudar ou morrer.
Ou o PS ajuda a mudar ou ajuda a morrer. A escolha é simples mas Seguro é um jogador de poker absolutamente miserável, como o é em muitas outras facetas.
Ou ele percebe isto e sobrevive até ao dia em que Costa lhe der um pontapé no rabo num congresso, ou arrisca-se a que o PS escolha outro fantoche até lá. E fantoche por fantoche ainda pode ser que este revele algum sentido de Estado e de patriotismo.
Já que o outro filho da puta antes dele esteve mais preocupado com os seus bolsos e com os dos amigos do que com o país.