Diferenças de opinião

Ontem Carlos Costa foi ouvido numa comissão parlamentar acerca da situação económica.

E a minha primeira estranheza é a ausência completa de notícias no Público acerca das suas declarações. É no mínimo estranho que um jornal como o Público não tenha uma notícia sobre as importantes declarações que proferiu.

A segunda estranheza é a forma como outros jornais realçam aspectos perfeitamente laterais das suas declarações. Na verdade o i dá mais realce às patéticas declarações de Honório Novo acerca da expectativa de Costa poder vir a ser ministro das finanças.
O jornalista do i terá ouvido o mesmo que eu, mas nem sequer acertou nas declarações de Honório Novo, escrevendo:
O deputado comunista, Honório Novo acusou hoje o governador do Banco de Portugal de querer ser primeiro-ministro de Portugal, uma sugestão que Carlos Costa afastou, depois de considerar como um desafio futuro a "demagogia no debate público".
Se olharmos para Costa como um especialista em economia, poderemos dizer que as suas opiniões são iguais ou até um pouco mais importantes que muitas opiniões de economistas que nos são servidas todos os dias nos media. Mais importantes pelo seu papel e pelo seu grau de conhecimento dos números e do assunto em discussão.

Mas curiosamente, a esquerda que prontamente acusa outros de bias, aceita de bom grado todas as opiniões que ilustrem a sua visão catastrofista da realidade. Estas frases são bem ilustrativas do que quero dizer:
Na sua apresentação, o governador do Banco de Portugal considerou que, entre os desafios da economia portuguesa nos próximos anos, está a “tendência para o imediatismo e demagogia no debate público”.
“Em que critérios técnicos se baseia para que um dos cinco elementos que são os desafios seja a tendência para o imediatismo e a demagogia do debate político. Em que estudos econométricos se baseia para colocar esta questão?”, interrogou Honório Novo.
O deputado do PCP sugeriu ainda que também deviam ser incluídos como desafios a “tendência para a falta de informação, para o secretismo e para a parcialidade na análise da situação económica”.
 A parcialidade da análise é sem dúvida um atributo da esquerda. Todas as opiniões são válidas desde que sirvam os seus propósitos, mas se for uma opinião diferente (e nem digo contrária) já é manchada de sectarismo.

A coisa foi tão longe nesta comissão, que o imbecil Galamba manifestou que gostaria de ter visto o mesmo grau de tolerância para com as medidas de governos anteriores.

Existe uma diferença básica. Os governos anteriores fizeram o que fizeram de forma quase dolosa. Não quiseram saber das consequências que se avizinhavam. Persistiram teimosamente num caminho que só podia ter um desfecho - a banca rota.

Este Governo tem também uma "teimosia" . E é a de por as contas em ordem. Coisa que ninguém discute ser absolutamente vital. A diferença é que os meios de atingir o objectivo são muito diferentes. Ao ponto de alguns nem permitirem atingir o objectivo. O que não é nem mais nem menos aquilo que nos pôs na banca rota.

Um post no Blasfémias ilustra bem o disparate e a incoerência das medidas abundantemente propostas pela esquerda: Soluções para a crise

As soluções da esquerda vão desde o ridículo ao alienado. Do PS ouvem-se intenções de emprego e crescimento, como se houvesse uma varinha mágica que permitisse fazer isto e ao mesmo tempo respeitar integralmente o acordo assinado. A única conclusão que se pode tirar é que é mais uma promessa ao estilo PS. Enganar os tolos para lhes dar a austeridade na mesma e declarar a dada altura que a culpa é de outros - crise internacional, humor dos agentes económicos etc etc.
O caso do PCP e do BE são tão admiravelmente ridículos que quase nem vale a pena comentar. É no entanto de realçar o facto de esta gente achar que tem o direito a pedir emprestado e depois a declarar que não paga.
Não é nada que se estranhe de gente que acha que tem "direito" a viver do dinheiro dos outros. Só que os outros somos nós que acabamos por levar com a carga insuportável de ter de pagar as loucuras proto comunistas que estão arreigadas no nosso pais desde 1974-1975. Da sua vontade de expropriar os bens a uns para viver deles não há nenhuma novidade. Foi assim que fizeram a seguir ao 25 de Abril e conseguiram falir um dos países com maiores reservas de ouro e em pleno crescimento económico em 2 anos e pouco.
Diz bem da capacidade e do grau de competência e capacidade de pessoas como este Honório Novo que parece ser incapaz de ouvir outras opiniões sem tentar encontrar razões escondidas. E muito malcriadamente devo dizer.
Carlos Costa foi duma delicadeza na resposta que eu nunca teria.
Aliás, Galamba também não teria ficado sem resposta. E Carlos Costa devia ter dado o dois a zero a esse puto imberbe e deslumbrado com o seu estatuto de wizzkid. (O meu prolongado aplauso para o Governador do Banco de Portugal).

O que se retira de tudo isto é a incapacidade de lidar com opiniões adversas à agenda política desta gente. Se estão a favor deles, ou se declarações de alguém podem servir os seus propósitos, estão certas. Se forem diferentes estão erradas ou o seu "emissor" está a fazer-se a um "lugar".

Não admira que o PS tenha passado a um discurso de bajulação do CDS, esperando ansiosamente que quando chegue o dia das eleições não tenha de fazer alianças com esta esquerda ante diluviana anquilosada e senil.