E cá vamos nós outra vez
A falta de imaginação e de soluções de quem nos governa ou quer governar é de bradar aos céus.
Dizia que Saldanha Sanches que "demasiado imposto mata o imposto".
E temos bastantes exemplos disto.
Lembram-se de quando Guterres resolveu a injustiça de os todo o terreno pagarem apenas 20% de IA? E que acabava por ser uma forma de muitos encherem este país com jipes de duvidosa eficiência energética?
Ele era Range Rovers e Pajeros por todo o lado. Não havia marido que não optasse por dar um carro de assalto à esposa. Era para as crianças andarem mais seguras diziam eles.
O governo de repente viu que podia arrecadar muito mais receita fiscal se pusesse o IA ao mesmo nível dos outros veículos. E assim fez.
O problema é que a venda desses carros caiu para menos de 1/5 fazendo com que a receita fosse de facto reduzida. Qualquer economista com dois dedos de testa poderia ter dito isso ao Ministro da Finanças da altura, ou até o próprio ministro podia tê-lo pensado. Mas não o fizeram.
Há uns rumores sob a forma de sound bytes que nos vão chegando duma possibilidade de aumento do IVA (outra vez) ou até de um escalão mais alto de IRS para aqueles que já lá estão.
Claro que o combate à fraude fiscal abundante de gente de elevados rendimentos não vai acontecer. Ninguém vai atrás de fulanos que declaram parcos rendimentos e vivem numa casa de uma off shore, que andam com um carro da mesma off shore e que modestamente vivem com um salário de precário.
Quem sobra? Quem já é esbulhado até ao caroço com 35, 37 e 42% de IRS recebendo em troca nada.
Medidas apalermadas como por o preço bilhete dos transportes públicos em função do rendimento é no mínimo uma ideia patética.
Como vamos fazer?
Andamos com um cartãozinho para mostrar no guichet dos bilhetes que diz quanto declaramos de rendimento?
Ou mandamos simplesmente tatuar na testa?
Um cidadão rico ou pobre não ocupa o mesmo lugar? Alguém que paga mais imposto não está já a contribuir mais para sustentar as empresas de transporte público? De onde vem o dinheiro que sustenta os prejuízos dessas empresas? O carro dum rico na autoestrada não causa o mesmo desgaste que o carro dum "mais" pobre? Vamos ter de andar com uma cópia da declaração de IRS afixada no vidro do carro?
Se as empresas começarem a estender este conceito até ao limite, começamos a ter de fazer isso com a electricidade, àgua e gás. E já agora porque não no supermercado? Um rico paga o leite a 10 euros o litro e um pobre paga a 50 cêntimos. Tudo o que seja acima do preço vai para o bolso do Estado.
Chamemos-lhe INPB - Imposto de Nivelamento Por Baixo.
Podem até esticar o conceito de forma muito mais "inteligente".
O estado fica com todo o rendimento das pessoas e depois dá senhas em troca.
Dependendo do seu rendimento as senhas podem servir para comprar mais ou menos bens. Um rico recebe menos senhas e um pobre recebe mais.
Isto não é mais que a velha máxima "de todos de acordo com as suas possibilidades para todos de acordo com as suas necessidades. Afinal alguém que trabalhe mais, seja mais qualificado e se esforce mais tem as mesma necessidades - Sobreviver.
Não tarda nada estamos todos a pedir aos empregadores que nos paguem o salário mínimo uma vez que recebemos mais senhas do Estado. E isso iria ajudar enormemente na nossa competitividade. Os empregadores iriam ADORAR.
Mais vale fazer deste país o primeiro paraíso do comunismo igualitário. Vamos até onde nem a China conseguiu. Uma roupinha igual para todos, acabam-se os carros (porque até são importados) e transforma-se esta merda na Albânia de Hoxha. O Louçã vai adorar.
Este tipo de idiotices só podem passar pela cabeça de gente incapaz ou demente. E como salva de abertura não são exactamente aquilo que queremos ouvir.
Não se tira uma economia da recessão destruindo completamente o poder de compra das pessoas. Adeus consumo interno. Adeus empresas que vivem dele e adeus empregos nessas empresas.
Estes "pensadores" são incapazes de pensar "outside the box", de fazer raciocínios a partir do zero ou de pensar sequer nas razões das coisas.
A fiscalidade devia ser uma forma de providenciar aqueles que têm menos retirando aqueles que têm mais.
Mas na verdade os que têm mais não vêm nada a ser-lhes retirado e são os do meio que pagam para todos. E sobretudo pagam para sustentar a loucura despesista deste Estado. Nem sequer é para os que têm menos.
Isto não é solidariedade fiscal. Isto é confisco puro e duro. Nos impostos directos e nos indirectos.
Se o PSD começa com este tipo de ideias peregrinas e não se empenha em cortar na despesa superflua do Estado, ainda acaba a ser muleta minoritária do mesmo partido de quem andou a dizer cães e gatos nestes últimos 6 anos.
E não me venham com a história de ainda não saberem o tamanho do buraco. Em vez de panaceias fáceis façam o trabalho de casa e encontrem soluções duradouras.
Se assim não for, dentro de pouco tempo teremos gente a ansiar pela volta do desgraçado aldrabão que se foi embora ontem.
Pelo buraco eu diria que não vai só o nosso dinheiro.
Vai também a inteligência, o decoro e a vergonha