O bombeiro pirómano

As opiniões divergem.

O PS acha que a culpa é inteiramente do PSD. Porque não lhes dá mais crédito. Seria desta que tudo se resolveria se o PSD não estivesse teimosamente contra a aceitação destas medidas definitivas para resolver a crise.

O PCP e o BE acham que a culpa é do PS e do PSD. Do PS porque andou a desbaratar o dinheiro dos contribuintes e do PSD porque deixou. Não esqueçamos a responsabilidade que Cavaco teve até 1995 ao lançar as bases do despesismo de Guterres e dos que se lhe seguiram.
A raiz do mal está precisamente no exemplo dado por Cavaco. Guterres e os seus ministros eram tão estúpidos que se limitaram a seguir e a empolar os erros do predecessor.

O CDS e o PSD acham que a culpa está do lado do PS e do governo. Após 6 anos de austeridade, consegue ainda falhar previsões, errar estimativas e esconder aumentos de despesa. Para evitar outros males apoiou medidas de contenção, esperando que o PS ardesse em lume brando até se transformar em cinza. O problema é que no fogo lento estávamos todos nós. E quem ardeu fomos nós.

Uma coisa é certa. Alguém que seja ministro das finanças tem a obrigação de antecipar os piores cenários. Mesmo perante situações de catástrofe não se pode agir como se nada se passasse. A crise internacional serviu de argumento para desculpabilizar o governo até há semanas atrás.
Nunca foi referido o seu erro sistemático de previsões ou a falta de controlo da despesa do Estado (e não estou a falar daquela que é fundamental).
Perante todos os avisos preserverou  numa  rota de colisão com o inevitável. Desbataram-se milhões em cima de milhões que é quase impossível recuperar no espaço de dois anos, sobretudo quando as medidas tomadas deprimem completamente a economia a ponto de causar recessão.
O estado não fez aquilo que obrigou os portugueses a fazer. Veja-se a dimensão do desvario em DESMITOS.
Para o PS e para o governo, temos o grupo mais virtuoso que era possível.

Está a fazer o papel do bombeiro que tenta com grande esforço apagar um fogo com que se deparou. O facto de ser um bombeiro pirómano que ateou o próprio fogo é simplesmente omitido.
O bombeiro pirómano acusa os outros de não o ajudarem a apagar o fogo. E para isso tenta apagá-lo com  gasolina. Quando todos os outros dizem que o fogo ainda vai ficar maior, acusa-os de quererem que a mata arda toda e que querem apenas que ele se queime a tentar apagar o fogo.

É este o papel deste desgraçado governo. Que desde incompetente a desonesto foi tudo o que se possa imaginar. Secundado por uma turba acéfala de boys sem carácter que veremos na linha da frente para a "reestruturação" do partido.
Todas os ineptos que se passearam pelos media a apoiar as medidas mais inacreditáveis do líder, estarão num congresso a apoiar a sua alternativa. Gente que nunca soube fazer nada mais além de viver da política e dos tachos que ela traz, não irá de forma nenhuma perder uma oportunidade de voltar a estar numa lista ao parlamento ou a uma função qualquer que possa acumular com o que já tem.

Foi nisto que se tornou o PS. Um partido apodrecido, que silenciou as vozes discordantes e que fez subir os melhores bajuladores. Até os adversários assumidos desta corja como o foram João Soares ou Manuel Alegre se renderam aos factos e permaneceram 6 anos à espera. E para isso tiveram que defender com alguma frequência um líder de tendências totalitárias e absolutamente teimoso e incompetente.

Não sei se o tiro lhe saiu pela culatra ou se tudo isto foi planeado. Mas a verdade é que agora até  responsáveis Europeus confirmam a mentira de Sócrates ao dizer que havia margem para negociação e que não se tinha comprometido com nada. Para Jean-Claude Juncker é claro que está a lidar com um aldrabão. Que lhe diz uma coisa de maneira formal e regressa ao país para mentir despudoradamente a todos.
Simular uma abertura para negociações, apresentar uma alternativa ao PEC IV que em nada muda aquilo que era a versão base.
Grande parte das medidas são o rasgar puro e simples do acordo que tinha sido feito com o PSD para viabilizar o orçamento. Todas as medidas com que o PSD não concordou (alterações no IVA, redução de deduções em IRS) voltaram neste PEC para que fossem negociadas (??).

A mais absoluta má fé, uma forma de fazer política baseada na coação e extorsão, que não difere muito dos gangs de pior reputação da história. Foi este fulano que elegemos duas vezes. É este fulano que diz que se vai recandidatar uma terceira.