Um valor Seguro
Não sei se sou eu que já não consigo olhar para esta gente com um certo distanciamento, mas a cada intervenção e a cada afirmação de A J Seguro, a coisa soa-me a foguete chocho.Nunca o tive em grande conta. É assim uma espécie de senhor bonzinho, sempre do lado dos desvalidos com um certo pendor para Guterres.
Talvez pela falta de convicção e assertividade, quase tudo o que ouço da boca dele soa-me a vazio.
Nos últimos tempos têm sido incontáveis as intervenções quase patéticas de Seguro acerca da "crise".
Desde as suas tristes afirmações começadas por "se eu fosse primeiro ministro...", até às suas propostas mais ou menos patetas que pressupõem a existência de dinheiro para gastar em grandes gestos, nada do que tem dito é motivador ou inspirador.
Talvez porque o peso da culpa seja grande demais, ou porque continua à frente de um partido minado por gente menos do que aconselhável, Seguro parece não conseguir impor-se.
A sua triste figura quando interrogado acercas das afirmações de Sócrates (não conseguindo disfarçar o embaraço) quando comparadas com a magistral tirada de Passos Coelho estão em polos opostos.
Passos Coelho respondeu a um jornalista imbecil que nem sequer conseguiu colocar a questão como deve ser. Desarmou-o, deu-lhe a volta e deixou-o de microfone espetado como um tolo.
Seguro fez um ar comprometido dizendo que não sabia das afirmações. Claro, logo ele não sabia dos danos causados pelas afirmações meio dementes daquela desgraça de criatura.
A sua falta de carisma e desembaraço, tenta-a ocultar trazendo para a praça pública aquilo que podemos apelidar de questiúnculas.
“Aquilo que eu exijo é que o Governo do meu país não tenha a visão dos interesses da Alemanha, mas a visão dos interesses dos portugueses e das empresas em Portugal”, afirmou durante um almoço convívio do PS da Lousã.
António José Seguro disse ter poucas expectativas em relação às decisões do último Conselho Europeu, por haver uma “dupla receita que se aplica, tanto na Europa como em Portugal, que é a da austeridade pela austeridade”.
“Considero que a disciplina orçamental é muito importante e que deve haver rigor na gestão das contas públicas e que deve haver orçamentos equilibrados, mas considero que essa não deve ser exclusivamente a prioridade da União Europeia e dos Estados”, sublinhou.
Na perspectiva do líder socialista, “a prioridade deve também dar lugar ao crescimento económico e ao emprego” nos Estados-membros da União Europeia. “E aquilo a que nós assistimos nas conclusões deste Conselho em Bruxelas foi precisamente líderes europeus que só se preocuparam com a disciplina orçamental e com sanções automáticas para os países ditos incumpridores”, disse.
in Público 10/12/2011
É quase patético ter este tipo de postura num país completamente falido, sem peso Europeu e olhado por todos os outros como um país gastador que deitou as suas oportunidades pela janela fora. Quase todas elas desbaratadas às mãos de "companheiros" com os quais chegou a exercer cargos governamentais.
Como é que num país que já está dependente de ajuda externa para sobreviver acha ele que existe a capacidade de injectar dinheiro (sob que forma for) para fomentar o emprego e o crescimento?
Emprego no Estado parece estar fora de causa e sinceramente espero que ao menos ele perceba isto. No emprego no sector privado pouco pode fazer quando o abrandamento do consumo leva a que muitas empresas reduzam os seus quadros de pessoal. A intervenção estatal neste particular é limitadíssima. Quem convence uma empresa que vê a sua facturação cair a entrar numa política de criação de emprego? Como? Incentivos fiscais? Subsidiação?
Seguro parece ainda viver num momento do tempo em que se injectavam uns milhões para manter artificialmente as coisas a rodar. A construção civil quer pública que privada que subsistia graças ao lançamento de obras supérfluas e dispendiosas, ou ao boom imobiliário que Seguro devia saber acabou. 500.000 fogos novos para venda no país deviam fazer-lhe soar algumas campainhas. A não concessão de crédito para habitação ou até a imposição da troika para o abaixamento da anormal taxa de propriedade da habitação poderiam ser as outras duas pistas. Seguro parece não saber ou finge não saber.
Quando ele fala da paixão do Governo pela austeridade quase apetece perguntar quem é que ele acha que a começou.
Se bem me lembro de PEC em PEC o governo da sua cor bastante austeridade nos trouxe. E mesmo assim com toda a receita adicional conseguiu desbaratá-la e ter execuções orçamentais vergonhosas.
Portugal reported a budget deficit of 8.6 percent of gross domestic product last year, missing a government target of 7.3 percent and causing a jump in borrowing costs that increases the risk of a bailout.Não estamos a falar de Passos Coelho e Gaspar. Estamos a falar do bem amado Sócrates e Teixeira dos Santos. Mais tarde o deficit de 2010 foi revisto. Mais exactamente em Abril
The revisions won’t affect the government’s goal for a 4.6 percent shortfall in 2011, the national statistics agency said today in an e-mailed statement. The agency also revised the 2009 budget gap to 10 percent from 9.3 percent, after European Union accounting changes prompted Portugal to add more than 2 billion euros ($2.8 billion) to the 2010 deficit. The yields on the country’s two, five and 10-year bonds rose to euro-era records.
Portugal has been raising taxes and implementing the deepest spending cuts in more than three decades, aiming to convince investors it can narrow its budget gap, curb its debt and avoid following Greece and Ireland in seeking a bailout. The nation was downgraded twice in the past week by Standard & Poor’s, which said new European bailout rules may mean it will eventually renege on its debt obligations
in Bloomberg 31/03/2011
April 23 (Bloomberg) -- Portugal’s 2010 budget deficit was revised to 9.1 percent of gross domestic product from 8.6 percent after the government added three highways onto its accounts, the National Statistics Agency said today in an e- mailed statement.Passar de 9.1 para 5.9 num ano (já em curso e com uma derrapagem orçamental) é algo que obviamente iria causar um enorme transtorno. E os 9.1 e o acordo dos 5.9 foram ambos da autoria do PS.
The government in March reported an 8.6 percent deficit for 2010, missing its target of 7.3 percent. Accounting changes ordered by Eurostat, the European Union’s statistics agency, forced the state to add more than 2 billion euros ($2.9 billion) to the 2010 deficit for impairment costs stemming from the 2008 seizure of Banco Portugues de Negocios SA and also for charges linked to the public-transportation system.
in Bloomberg 23/04/2011
Assim, toda esta palhaçada socialista à volta do que estamos a passar e acerca da forma de a resolver é, mais do que ridícula, completamente hipócrita.
Não me lembro de ouvir Seguro discordar do TGV ou da 3ª autoestrada para o Porto, ou do desbarato de dinheiros públicos que foi a Parque Escolar com um gasto médio por escola que dava para construir duas novas de cada vez.
Se Seguro tem a memória curta ou é desonesto na argumentação não caberá muita dúvida acerca da escolha. O problema é que nós, nós que vamos pagar, não temos a memória curta e sabemos bem quem nos fez isto em 15 anos com especial incidência nos últimos 6. Anos em que ele andava mais preocupado com as declarações de voto acerca de minudências e vivia como todos os socialistas embrenhado na teia de malfeitorias, corrupção e gestão danosa que os caracterizaram.
Enquanto o PS não fizer o mea culpa terá muito pouca credibilidade para criticar. Enquanto não se emprenhar a sério na solução, será apenas um problema.
Caso esta legislatura consiga atingir os seus objectivos e trazer alguma esperança a esta país, o PS estará condenado a ser olhado como a ovelha ranhosa do alinhamento partidário Nacional - les incompetents