Os media (5)
Ou como passamos de uma possibilidade a uma certezaOntem ouvi a entrevista e Passo Coelho. E além de achar que a postura dele é francamente diferente da do seu antecessor, demagogo nato, aldrabão compulsivo e falso como uma cobra, pouco mais haveria a dizer.
Tenho consciência do estado em que estamos e sei que é preciso mão firme para acabar com a bandalheira desatada que vivemos durante estes anos e sei também que existem factores que nos afectam e em relação aos quais nada podemos fazer.
E ouvi o jornalista quando perguntou se seria preciso fazer algo mais para 2012. E ouvi a resposta. Que não seria preciso fazer nada mais para manter o equilibrio a não ser que um factor externo imprevisível obrigasse o governo a fazer reajustes.
Normal, e expectável. A não ser que se houvesse um desses factores o governo se sentasse à espera do perdão divino ou da benevolência dos nossos credores.
Hoje ouvi algumas das reações dos partidos da oposição, mas o que mais me espantou foi o fraseado dos media - Passos Coelho admite cortes nos subsídios do sector privado.
Fiquei estupefacto. Os partidos da oposição, encabeçados por um bloquista acéfalo e uma verde aparvalhada reiteravam essa resposta do 1º Ministro.
Ou eu estou louco ou estão os outros, mas a admissão de que possa haver medidas de correção está bem longe de admitir o que se estava a afirmar. Na verdade as medidas de correção podem ser quaisquer medidas no sentido de obter mais receita ou controlar mais despesa.
O leque de possibilidades é enorme. Pode ir desde esse aumento de carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho a uma tributação sobre outra coisa qualquer. Pode ser até um corte drástico em despesa.
Como se passou da admissão de medidas, apesar de na entrevista PPC ter declarado não querer alimentar cenários especulativos, a uma certeza de corte de salários com a consequente gritaria de bloquistas e comunistas é algo que me transcende.
Ou melhor, percebo bem a forma jornalística de ver as coisas. A pergunta é feita com essa intenção. A resposta não confirma a pergunta mas os media precisam de "sumo". Na falta dele inventam.
Isto é o 1º parágrafo da notícia do Sol
No dia em que se encerrou a discussão do Orçamento do Estado para 2012 (OE2012), o primeiro-ministro, em entrevista à SIC Notícias, admitiu que para o ano pode cortar subsídios de Natal ou de Férias no sector privado, para cumprir o défice. «Utilizaremos todos os dispositivos necessários», disse. Se a situação macroeconómica se agravar «claro que teremos que adoptar novas medidas», continuou, aceitando que tal poderá acontecer já em Abril de 2012. Ressalvou porém a sua confiança no OE 2012 para cumprir os objectivos.
E os partidecos da oposição na falta de argumentação válida para critica pegam numa especulação distorcida e comentam-na como se fosse uma realidade. Começamos a viver num universo alternativo em que se responde a opiniões veiculadas pelos media que nem sequer corresponde aquilo que foi dito.
E sejamos realistas. Se um primeiro ministro em face de uma quebra de compromisso com os nossos credores não fizesse nada, seria tão incompetente como o anterior. Seria quase tão incompetente como António José Seguro. É óbvio que se houver um qualquer factor inesperado é preciso agir.
Qual pode ser esse factor? É inesperado. Só a palavra já o descreve.
Se eu soubesse o que fazer no meio da turbulência dos mercados punha-me a apostar em futuros e estava rico num mês. O problema desta crise da zona Euro é a sua enorme imprevisibilidade. E isso é coisa que parece espantar os estúpidos, os jornalistas e os políticos da oposição, que por acaso cabem todos na 1ª categoria.
O problema é que a sua estupidez e a sua falta de isenção e profissionalismo desinforma um país inteiro que vive de sound bytes falsificados para servir as ânsias de sensacionalismo dos media.
Existe uma anedota nos EUA acerca dos advogados:
O que são 100 advogados no fundo do mar? Um excelente começo
Começo a achar que isso se aplica perfeitamente a esta classe profissional sem pinta, sem cultura e sem ética e com um desvio patológico para a esquerda.
É triste constatar que todas as televisões passaram esta opinião e que tem de ser no Público que o título está mais próximo da realidade da resposta.
Abençoada seja toda esta corja de palhaços que dá pelo nome de jornalistas e que de uma forma ou doutra é responsável pela informação que nos é servida