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A perspectiva de ter os professores a ir para Angola, Brasil, Moçambique, Timor, Cabo Verde etc etc deixou Seguro em estado de apoplexia.
O 1º ministro desistiu, diz ele. É um 1º ministro demissionário.
Quanto a isso acho estranho o erro. Demissionário foi Gueterres com o pretexto de uma eleições autárquicas. O brioso católico deitou pela janela todo o espírito de sacrifício e todo o sentido de dever e acorbardado pirou-se. Anda agora de fatiota tropical a ver como vivem mal os refugiados. Ganhou o céu.
O outro caso próximo dele é o de um senhor que depois de por um país na sarjeta se demite porque a oposição de opões ao 4º plano de austeridade (estabilidade e crescimento, segundo ele) gizado por ele e por um economista brilhante chamado Teixeira dos Santos.
Esses são dois primeiros ministros demissionários. Um deles lançou as raízes para o caos económico e o outro consumou-o na totalidade em versão revista e melhorada. Um deu-nos estradas que não precisávamos e o outro não nos deu grande coisa. Deu aos amigos e a ele próprio.
Falta ainda um outro tolo de extrema esquerda que foi defender Portugal para a Europa. Deslumbrado e mais preocupado consigo do que com tudo o resto lá se foi e não deixou grandes saudades. Tem oportunidade de praticar o inglês e o francês e de ser insultado por Nigel Farage. Não foi um mau resultado, convenhamos.
Aquilo que todos dizem há anos é finalmente entendido por alguém com responsabilidade. Há anos que biólogos, dentistas, fisícos, médicos tentam sair deste país enterrado na lama até à orelhas. Vão porque têm curriculo e estão num ponto das suas vidas em que se podem recolocar em qualquer lugar deixando para trás muito menos que a maioria.
Há depois os outros. Que não estão para largar os confortos. A comida da mãe, a roupa lavada os amigos e a bejecas à noite.
Há infelizmente um terceiro grupo. Que escolheu uma profissão em que o único, ou quase único, empregador possível é o Estado.
E esses, nos quais se incluem os professores, estão numa situação particularmente delicada dada a necessidade de corte de custos do Estado a par com a cada vez menor taxa de natalidade deste país.
O que espera Seguro que aconteça? Contratam-se todos, provavelmente com recurso a dívida ou a uma carga fiscal aumentada porque o Estado tem o DEVER de dar emprego a toda a gente que precise?
É esta a noção de um Estado cuja economia assenta naquilo que Seguro defende que seja uma economia de mercado? Será isto porventura o conceito de um Estado nos países nórdicos que Seguro tanto admira mas é incapaz de compreender?
Seguro limita-se demagogicamente a ficar chocado. O senhor da Fenprof também. Ele que também é professor e que a única coisa que faz é ser pago pelo Estado para não leccionar.
É dramático assistir num país a uma coisa destas. Mas a formação está completamente desadequada das necessidades do país. Há professores a mais, há advogados a mais e no estado em que está a construção neste país arruinado já há engenheiros e arquitectos a mais.
Se para os últimos ainda haverá uma luz ao fundo do túnel dentro de uma dezena de anos, para os primeiros e para os professores em particular não há. A não ser que os casais se entusiasmem e desatem a fazer meninos como se não houvesse amanhã. E isso não vai acontecer.
Pela primeira vez desde que me lembro temos alguém que foi eleito sem esconder ao que vinha, que nos diz na cara o que estamos a passar. Temos do outro lado um palerma piedoso que acha que se deviam dar boas notícias e não andar a assustar as pessoas.
O que me assusta realmente é que Seguro se veja como alternativa. Que a sua bancada seja o melhor que o seu partido tem e que Passos Coelho possa vir a perder as próximas eleições apesar de todo o esforço. E nessa altura António Costa possa ganhar essas eleições.
Notem que digo António Costa porque acho Seguro demasiado imbecil e demasiado incapaz de sobreviver até chegar às eleições. Será descartado quando o partido achar que tem uma chance de chegar ao poder. Ele é um parolo para queimar.
E na verdade, perante o que diz dia após dia não estou a ver melhor destino para um líder assim. Vamos deixá-lo pensar que é relevante até que desapareça.
Isso sim é ser piedoso.