17 mil irregularidades no apoio judiciário são TODAS resultado de manipulação?

A auditoria que foi conduzida ao sistema de apoio judiciário resultou no apuramento de 17 mil irregularidades que teriam lesado o estado em meio milhão de Euros.

Por outro lado a ordem dos Advogados, na pessoa do bastonário responde que houve manipulação da informação e que dessa manipulação resulta este número pouco lisonjeiro.

Podia falar de incorreções, que podem sempre existir, ou de um cruzamento incorrecto de informação, mas prefere falar em manipulação. Manipulação implica neste caso dolo.

As palavras do bastonário não são inocentes, nem é a falta de colaboração da Ordem numa auditoria que poderia ter evitado potenciais erros ou até aquilo que a Ordem invoca - manipulação.

O facto é que são declarados e pagos actos praticados por advogados que não correspondem à realidade e que são pagos pelo Estado.

São ao todo 1035 advogados que já estão a ser notificados para se explicarem acerca das irregularidades. Terão certamente oportunidade de esclarecer erros e até eventuais manipulações.


Não creio que seja preciso ser adivinho para dizer que de certeza haverá muitos destes advogados que vão ter alguma dificuldade em explicar alguns dos serviços facturados ao Estado.

E o bastonário que passa a vida a falar de rectidão e honestidade tinha uma excelente oportunidade que está disposto a pugnar por ela num momento em que podem de facto haver advogados desonestos a aproveitar-se do sistema. Convenhamos que não é mau este tipo de "facturação" só com apoio judiciário
Entre os casos apontados como exemplo, incluem-se os de 32 advogados que em 2010 ganharam, a título de compensação por prestação de apoio judiciário, valores entre os 30 000 e os 75 000 euros.
Haverá advogados que nem com o seu trabalho normal devem conseguir facturar isto. É um bocado estranho que haja um grupo de 32 que consegue obter este tipo de compensação só de apoio judiciário que é na maior parte das vezes mau e desleixado.

Este tipo de reacção da Ordem não é mais que o resultado do corporativismo contra o qual brada Mrinho Pinto junto com aquilo que já se poderá chamar de ódio de estimação pela Ministra.
Não haverá nada que ela faça que possa ter a concordância de Marinho Pinto.
E isto extravasa as relações institucionais e passa para o domínio do pessoal. Marinho tem dificuldade em distinguir. Só não é tão corajoso quando acusa "certas pessoas" e nunca tem as "bolas" para dar o seguimento devido às acusações.

Aparentemente o Ministério não enferma do mesmo mal. E identificados os suspeitos autores de "fraudes" notificou-se o MP para proceder às diligências necessárias.

Mais uma vez temos alguém que em vez de discutir a substância se entretém em discutir a forma.

Eu diria que se há de facto erros na auditoria, os advogados não terão nenhuma dificuldade em repor a verdade dos factos.
Gostaria de ver a Ordem suspender a licença daqueles que se venha a provar que cometeram irregularidades tentando lesar o Estado deliberadamente.
Mas quanto a isso acho que posso esperar sentado por Marinho Pinto. Tenho a certeza que só por pirraça ele prefere conviver com colegas de profissão desonestos do que dar a "satisfação " à Ministra de ter razão.