Manias de país rico
E fê-lo por manifesta falta de meios. O negócio que foi a ocupação dos edifícios de escritórios na Expo dá uma boa ideia do que foi uma gestão ruinosa dos dinheiros públicos. As rendas pagas pelo Campus de Lisboa são absurdas. Mais ainda, o Estado obrigou-se a pagá-las quer ocupe ou não os edifícios por um período de vários anos. Ou seja, se sair amanhã ainda tem de pagar por contrato uma série de anos de renda. Que tal hein?
São contratos como estes que fazem as delícias dos promotores. No caso da Expo, de promotores com espaços de escritórios "encalhados" e totalmente inadaptados à função.
Existe esta ideia peregrina de que um edifício serve para qualquer função. Foi isso que pensaram os génios Alberto Costa e Alberto Martins. Uma demão de pintura e fica impecável.
Esqueceram-se de pequenos detalhes como sejam elevadores separados para arguidos e magistrados, casas de banho minimamente adequadas ao número de ocupantes ou até o facto de os gabinetes de juízes com processos de elevada responsabilidade e perigosidade terem paredes de vidro e estarem virados para a rua.
Como se não bastasse este disparate, foram lançados mais concursos para outros Campus de justiça. Desta vez a construir, alimentando um sector empresarial que vive exclusivamente deste tipo de esquemas, financiados por bancos que depois "alugam" o património ao Estado por rendas "simpáticas". Mas nem sequer se está a falar de ter o património no fim do contrato. Não há fim do contrato e o património nunca é do Estado.
Não há dúvida que no que diz respeito ao Estado, o arrendamento foi sempre uma prioridade. Ao contrário do que se passou com o arrendamento de habitação.
De uma forma ou doutra era sempre dinheiro seguro nos bolsos da banca. Estranhas coincidências.
Num ano em que os tribunais têm o seu orçamentos drasticamente cortados, que vivem com equipamentos avariados, sem consumíveis e à beira de um ataque de nervos, gastar milhões por ano em rendas de edifícios novos, abandonando os velhos supostamente para vender é uma verdadeira loucura.
Desde as ideias imbecis dos hoteis de luxo para o Tribunal da Boa Hora até outras semelhantes, de tudo a gestão socialista fez com o património do país. Com o nosso património.
E ainda surpreende muita gente que o buraco a tapar seja gigantesco. Não houve uma única área da governação socialista em que não se estourasse dinheiro como se não houvesse amanhã. Pois o amanhã chegou e vamos nós pagar.
Não sei é pura incompetência ou dolo, mas a verdade é que dos milhões de endividamento que o Estado contraiu, uma enorme fatia foi para pagar estas negociatas duvidosas e completamente insustentáveis do ponto de vista financeiro.
Espero bem que Paula Teixeira da Cruz tenha determinação e coragem para fazer o que se impõe. Sabe-se bem o que está errado com o sistema e algumas das correcções são apenas pequenos detalhes. Detalhes esses que foram sempre muito convenientes a alguns.
Só tenho pena que por causa da situação calamitosa a que os governos anteriores fizeram chegar a justiça e os tribunais em geral, sejam agora estes a pagar com uma significativa limitação de orçamento.
Não houve uma coisinha que os miseráveis governantes do PS tivessem feito como deve ser. Nem uma...